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São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2003

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IMPRENSA

Em depoimento à revista "Newsweek", Jayson Blair, acusado de inventar e plagiar reportagens, diz sentir "culpa" e "tristeza"

Ex-repórter do "Times" lamenta fraudes

DE NOVA YORK

Em sua primeira declaração após ser acusado pelo diário "The New York Times" de inventar e plagiar reportagens no próprio jornal, o jornalista Jayson Blair, 27, disse sentir "culpa" e "tristeza" em um curto depoimento à revista "Newsweek". Ele se recusou a autorizar a revista a publicar suas respostas à maioria das questões.
"Não posso dizer nada além do fato de que sinto um leque de emoções, incluindo culpa, vergonha, tristeza, deslealdade, liberdade e apreciação por aqueles que ficaram do meu lado e se deram ao trabalho de tentar entender que há uma história mais profunda e não acreditaram em tudo o que eles lêem nos jornais", disse.
O jornalista se recusou a falar, por exemplo, de um assunto que a própria "Newsweek" discutiu neste final de semana: sua relação com o álcool e as drogas.
Há duas semanas, segundo publicou a revista, o jornalista estava internado em um hospital em Connecticut, onde tratou de um histórico que reuniria alcoolismo, uso de cocaína e sintomas maníaco-depressivos.
"Blair diz que ele está "limpo" há mais de um ano, mas até ele sabia que seu comportamento estava se tornando cegamente autodestrutivo", escreveu a "Newsweek".
Na semana passada, relatou a revista, Blair mandou um e-mail a diversas pessoas, inclusive ex-colegas do jornal, para dizer qual é seu novo endereço eletrônico. "Espalhem que estou passando tão bem quanto possível para aqueles que ainda se importam", escreveu no e-mail.
Segundo a revista, após a divulgação do escândalo pelo próprio "Times", Blair perdeu diversos amigos -a maior parte deles é jornalista também. Estaria afastado de sua namorada, que tem sido apontada como um dos elos que impulsionaram a sua carreira no jornal. Filha de uma amiga da mulher do editor-executivo do "Times", ela nega que tenha facilitado seu acesso ao banco de imagens do jornal, de onde ele retiraria detalhes para compor reportagens assinadas de lugares nos quais não pisou.
O jornal, que apontou diversos problemas nas reportagens que Blair escreveu após se tornar um repórter nacional, diz que continua a investigar seu trabalho. Assim, poderá divulgar nova relação de fraudes que seu ex-repórter teria cometido.
Enquanto isso, o jornalista poderá escrever um livro contando sua história. Especialistas do mercado editorial acreditam que sua autobiografia tenha potencial para se tornar um best-seller, dada a repercussão que o caso segue tendo nos EUA. (ROBERTO DIAS)


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