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IMPRENSA
Em depoimento à revista "Newsweek", Jayson Blair, acusado de inventar e plagiar reportagens, diz sentir "culpa" e "tristeza"
Ex-repórter do "Times" lamenta fraudes
DE NOVA YORK
Em sua primeira declaração
após ser acusado pelo diário "The
New York Times" de inventar e
plagiar reportagens no próprio
jornal, o jornalista Jayson Blair,
27, disse sentir "culpa" e "tristeza"
em um curto depoimento à revista "Newsweek". Ele se recusou a
autorizar a revista a publicar suas
respostas à maioria das questões.
"Não posso dizer nada além do fato de que sinto um leque de
emoções, incluindo culpa, vergonha, tristeza, deslealdade, liberdade e apreciação por aqueles que ficaram do meu lado e se deram ao
trabalho de tentar entender que há uma história mais profunda e
não acreditaram em tudo o que eles lêem nos jornais", disse.
O jornalista se recusou a falar, por exemplo, de um assunto que a
própria "Newsweek" discutiu neste final de semana: sua relação
com o álcool e as drogas.
Há duas semanas, segundo publicou a revista, o jornalista estava
internado em um hospital em
Connecticut, onde tratou de um
histórico que reuniria alcoolismo,
uso de cocaína e sintomas maníaco-depressivos.
"Blair diz que ele está "limpo" há
mais de um ano, mas até ele sabia
que seu comportamento estava se
tornando cegamente autodestrutivo", escreveu a "Newsweek".
Na semana passada, relatou a
revista, Blair mandou um e-mail a
diversas pessoas, inclusive ex-colegas do jornal, para dizer qual é
seu novo endereço eletrônico.
"Espalhem que estou passando
tão bem quanto possível para
aqueles que ainda se importam",
escreveu no e-mail.
Segundo a revista, após a divulgação do escândalo pelo próprio
"Times", Blair perdeu diversos
amigos -a maior parte deles é
jornalista também. Estaria afastado de sua namorada, que tem sido
apontada como um dos elos que
impulsionaram a sua carreira no
jornal. Filha de uma amiga da
mulher do editor-executivo do
"Times", ela nega que tenha facilitado seu acesso ao banco de imagens do jornal, de onde ele retiraria detalhes para compor reportagens assinadas de lugares nos
quais não pisou.
O jornal, que apontou diversos
problemas nas reportagens que
Blair escreveu após se tornar um
repórter nacional, diz que continua a investigar seu trabalho. Assim, poderá divulgar nova relação
de fraudes que seu ex-repórter teria cometido.
Enquanto isso, o jornalista poderá escrever um livro contando
sua história. Especialistas do mercado editorial acreditam que sua
autobiografia tenha potencial para se tornar um best-seller, dada a
repercussão que o caso segue tendo nos EUA.
(ROBERTO DIAS)
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