EDUARDO SIMANTOB
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM GENEBRA

A decisão do governo americano de apoiar o texto original da Convenção de Controle do Tabaco, da Organização Mundial de Saúde (OMS), foi recebida com surpresa, tanto pela organização como pelos representantes dos 192 países, reunidos desde ontem em Genebra, para a 56ª assembléia geral do órgão da ONU.
O anúncio foi feito no domingo pelo secretário da Saúde dos EUA, Tommy Thompson, que, no entanto, recusou-se a explicar sobre a mudança de posição.
A diretora da Iniciativa por um Mundo Livre do Tabaco, da OMS, a brasileira Vera Luiza da Costa e Silva, disse à Folha que a mudança se deve ao fracasso dos EUA em arregimentar o apoio de outros países à sua posição.
Quando as negociações do tratado foram encerradas, em 1º de março, os EUA (assim como Alemanha e República Dominicana) manifestaram reservas a respeito de várias cláusulas, com o intuito de ainda modificá-las.
No fim de abril, o governo americano enviou uma carta a ministros da Saúde do mundo todo, sugerindo uma mudança no tratado desobrigando os países signatários a cumprir medidas pontuais com que não concordassem.
A manobra foi condenada por vários países, e a repercussão foi tão negativa que até mesmo a Alemanha aceitou os termos originais do acordo.
O porta-voz da missão dos EUA em Genebra, John Hamill, disse que não tem orientação oficial para esclarecer a posição de seu país.


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