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IRAQUE SOB TUTELA
Onda de atentados e tropas iraquianas destreinadas levam generais a crer que não poderão reduzir contingente
Saída dos EUA vai demorar, avisam militares
JOHN BURNS
ERIC SCHMITT
DO "NEW YORK TIMES", EM BAGDÁ
Uma nova -e mais sombria-
avaliação da Guerra do Iraque por
comandantes militares dos EUA
acirrou o clima de ansiedade que
levou a secretária de Estado, Condoleezza Rice, a viajar a Bagdá no
último fim de semana para consultas com o governo iraquiano.
Em entrevistas nesta semana,
alguns dos generais recuaram da
idéia de reduzir substancialmente
os 138 mil militares dos EUA que
combatem hoje no país até o final
deste ano ou início de 2006. Um
oficial aventou a possibilidade de
o envolvimento militar americano durar "muitos anos".
Para o general John Abizaid, o
mais alto oficial americano no
Oriente Médio, o maior problema
é o pequeno avanço no desenvolvimento de unidades policiais iraquianas suficientemente coesas.
Em Bagdá, na quarta-feira, um
alto oficial disse que houve 21 explosões de carros-bomba em Bagdá até agora só neste mês - quase tanto quanto as 25 de 2004.
Em contraste , afirmou, diminuiu a atividade dos insurgentes
na capital nos últimos dias. Mas o
oficial disse que muita coisa ainda
depende do sucesso do novo governo em fortalecer a confiança
pública dos iraquianos.
Segundo ele, sondagens da Universidade de Bagdá mostram que
a confiança pública caiu de 85%
logo após a eleição para 45% hoje.
"Para que a insurgência tenha
sucesso, será preciso a população
acreditar que o governo não poderá sobreviver", disse ele.
"Quando você está no meio de
um conflito, fica procurando pilares de força onde se apoiar."
Para elevar o nível de confiança,
disse o oficial, o novo governo
precisará reduzir os ataques insurgentes e aliviar a impaciência
da população por melhoras nos
serviços públicos, que, para muitos iraquianos, estão piores do
que estavam no ano passado.
Mas ele enfatizou a necessidade
de cautela e o tempo que pode ser
preciso para completar a missão
americana no Iraque. "Acreditamos na missão que temos porque
estamos nela, e, se deixarmos de
reprimir a insurgência, este país
pode mergulhar de volta no caos e
na guerra civil."
As observações, destacando a
persistência dos insurgentes, sugerem que os comandantes americanos possam ter enxergado
uma oportunidade depois da viagem de Condoleezza Rice.
A secretária pediu gestos mais
convincentes do governo iraquiano em direção à minoria sunita,
avisando que o sucesso na guerra
requer uma estratégia política que
incentive ao menos alguns dos
grupos insurgentes sunitas a optar pela paz.
Mais mortos
A escalada de violência prosseguiu ontem com a morte de pelo
menos mais 24 pessoas em incidentes distintos. No pior deles,
em Mossul, oito pessoas morreram num tiroteio entre soldados
dos EUA e insurgentes que invadiram a casa de um político sunita. Na mesma cidade, dois insurgentes morreram ao detonar prematuramente uma bomba.
Pelo menos mais seis pessoas
-incluindo dois civis- morreram em explosões, e outras cinco
foram mortas a tiros. Ataques da
insurgência também mataram
três soldados dos EUA.
Ontem, em sua primeira viagem
internacional, o premiê Ibrahim
al Jaafari pediu na Turquia a colaboração dos vizinhos, sobretudo
da Síria, para guardar a fronteira.
Tradução de Clara Allain
Com agências internacionais
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