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São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Americanos contabilizam 43 baixas em confrontos no pós-guerra; iraquianos pedem morte de Bush

Victor R. Caivano/Associated Press
Rifle em punho, iraquiano protesta durante funeral de civil morto anteontem pelos EUA em Bagdá


EUA perdem mais um em ataques no Iraque

DA REDAÇÃO

Em plena intensificação da violência pós-guerra, um ataque iraquiano contra uma ambulância matou um soldado americano, no mesmo dia em que uma multidão pediu a morte do presidente George W. Bush no funeral de um iraquiano morto pelos EUA.
O ataque -que provocou a 43ª baixa americana desde que Bush anunciou o fim das principais operações no Iraque, em 1º de maio- ocorreu 30 km ao sul de Bagdá. Uma ambulância que levava um soldado dos EUA ferido foi atingida por uma granada. Um soldado foi morto e dois, feridos.
Em Samarra, ao norte da capital, um iraquiano foi morto por soldados dos EUA após arremessar uma granada contra um tanque americano. E três morteiros explodiram em frente a um escritório de ajuda humanitária da coalizão anglo-americana, matando um iraquiano e ferindo 12.
Em menos de duas semanas, quase mil iraquianos foram presos sob suspeita de fomentar os ataques. Duas operações militares foram lançadas no oeste e noroeste do país, onde há focos de resistência de supostos partidários do ex-ditador Saddam Hussein.
Na quarta-feira, dois civis iraquianos foram mortos em Bagdá durante um protesto de ex-militares do Exército de Saddam, provocando revolta entre os moradores. Ontem, no funeral de Tareq Hussein Mohammed, uma das vítimas, centenas gritavam "vingança" e "morte a Bush".
Os ataques e os protestos iraquianos se multiplicam. Segundo a missão da ONU no país, há informações de que os iraquianos têm recebido folhetos oferecendo recompensas a quem matar membros da coalizão.

Mais soldados
O Pentágono informou que entre 20 mil e 30 mil soldados de países aliados aos EUA devem chegar ao Iraque nos próximos dois meses para substituir parte dos 146 mil americanos que estão no país.
Entre os que contribuirão com as tropas internacionais, a serem lideradas pela Polônia e pelo Reino Unido, estão a Itália, a Espanha, a Ucrânia e Honduras.
Há seis semanas, o Pentágono anunciara a intenção de reduzir em 30 mil o número de americanos no Iraque, mas a estratégia foi revista após o recrudescimento das tensões. No auge do conflito, havia 151 mil americanos no país.
"Temos cerca de 20 mil soldados extras na coalizão", disse o general Peter Pace, vice-comandante-em-chefe do Estado-Maior. Segundo ele, Washington negociaria o envio de mais 10 mil homens.
Na próxima semana, representantes de 35 países devem se reunir na sede da ONU, em Nova York, para debater a reconstrução do Iraque e os detalhes de uma cúpula de países que contribuirão no processo, marcada para o próximo trimestre.

Críticas a Bush
Ontem, o principal pré-candidato do Partido Democrata à Presidência dos EUA, John Kerry, acusou Bush -seu adversário, caso sua candidatura seja confirmada- de "manipular todos" em sua campanha para defender a necessidade de invadir o Iraque.
Kerry, em comício em New Hampshire, afirmou que Bush construiu sua argumentação sobre a guerra com base em ao menos duas informações falsas -a de que o Iraque teria tentado comprar urânio no Níger e a de que Bagdá poderia atacar os EUA com armas biológicas.
A informação sobre o urânio foi desmentida pela AIEA (agência nuclear da ONU), enquanto a suposta existência do arsenal químico e biológico -principal razão alegada por EUA e Reino Unido para a guerra- não foi provada.


Com agências internacionais


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