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Bremer cancela eleições e prende líderes em Najaf
DO "NEW YORK TIMES", EM NAJAF
Em meio à campanha para reprimir a resistência iraquiana, fuzileiros navais americanos invadiram o escritório de um partido
político em Najaf (sul), prenderam quatro homens e os mantiveram na cadeia por quatro dias,
sob acusação de violar um decreto da Autoridade Provisória da
Coalizão que proíbe os iraquianos
de incitar a violência contra a coalizão anglo-americana no país.
O incidente, nesta semana,
ocorreu poucos dias depois de o
administrador americano no Iraque, Paul Bremer, cancelar o que
seria a primeira eleição local direta desde a derrubada do ex-ditador Saddam Hussein, em abril.
Passando sobre o comando militar americano no país, Bremer decretou que Najaf não tinha condições adequadas para a eleição.
Esses fatos expõem um ponto
frágil da ocupação americana,
que tem impedido a promoção de
eleições diretas e limitado a liberdade de expressão -algo que, antes de invadirem o país, os EUA
prometeram aos iraquianos.
Segundo as autoridades americanas, os iraquianos podem ter
que esperar até dois anos para ter
um governo eleito no país.
Esses fatos também mostram a
linha tênue sobre a qual Bremer
caminha para transformar uma
sociedade e ajudar a formar um
governo estável e amigável. Extra-oficialmente, seu gabinete admite
que o Iraque não está pronto para
eleições e que um pleito poderia
aumentar as tensões.
"Os grupos políticos mais organizados em muitas regiões são extremistas e sobreviventes do
Baath [o partido de Saddam Hussein, hoje banido]", disse um
membro do gabinete de Bremer.
Mas, por outro lado, o cancelamento das eleições parece ter alimentado a raiva contra os EUA.
Em Najaf, anteontem, mais de mil
pessoas protestaram. No mesmo
dia, Asad Sultan Abu Gilal, favorito para vencer o pleito, concedeu
uma entrevista na qual alertou
que pode haver violência na cidade, sagrada para os xiitas.
"Se não nos dão liberdade, o que
podemos fazer? Teremos paciência, mas não por muito tempo."
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