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Coréia do Norte ameaça americanos com novo míssil
Taepodong-2 tem alcance de até 6.000 km, suficiente para atingir Alasca e Havaí, e já foi abastecido para teste; Japão fala em "agressão"
DA REDAÇÃO
Os serviços de inteligência
americanos obtiveram, por fotos de satélite, evidências de
que a Coréia do Norte concluiu
o abastecimento de um míssil
Taepodong-2. Se lançado, ele
teria um alcance de até 6.000
km, poderia atingir boa parte
da Ásia e chegar até os Estados
Unidos (Alasca ou Havaí).
O foguete poderá ser lançado
a qualquer momento, disse ao
"New York Times" um especialista. É também provável que
não se trate de uma encenação,
já que o seu combustível sólido
não é facilmente retirado de
volta do foguete.
A iniciativa norte-coreana
causou intensa mobilização diplomática. John Snow, porta-voz da Casa Branca, disse que o
presidente americano, George
W. Bush, telefonou a "uma dezena de governantes" para discutir a emergência.
A França, a Austrália e a Nova Zelândia apelaram para que
a Coréia do Norte desista de
uma iniciativa capaz de criar
muita tensão internacional.
O Japão publicou ontem um
terceiro comunicado em 48 horas sobre o assunto. Alertou a
Coréia do Norte de que a queda
em seu território de pedaços do
míssil, "mesmo acidental", seria considerada ato de agressão.
Em caso de disparo do Taepodong-2, o primeiro-ministro
japonês, Junichiro Koizumi,
prometeu uma "resposta enérgica". Embora se diga preocupada, a Coréia do Sul, afirma o
jornal francês "Le Monde", não
chegou a colocar suas Forças
Armadas de prontidão.
O regime comunista norte-coreano tem plutônio suficiente para produzir meia dúzia de
bombas atômicas, embora se
desconheça se é capaz de miniaturizar uma ogiva nuclear
para que ela seja transportada
na ponta de um míssil.
Diplomatas acreditam que o
regime de Pyongyang não apresentaria o lançamento do foguete como um teste militar.
Argumentaria que a iniciativa
está ligada a um suposto programa civil de lançamento de
satélites.
Foi o que ocorreu em 1998,
quando o Taepodong-1, com alcance de 2.000 km, sobrevoou
o Japão e caiu no Pacífico. Segundo o "Le Monde", os norte-coreanos já trabalham no projeto do Taepodong-3, com alcance de 15 mil km.
O jornal francês afirma que
em Tóquio e Seul, capital sul-coreana, corre a versão de que
Pyongyang quer chamar a atenção, no momento em que o
acordo nuclear entre Estados
Unidos e a Índia (que também
tem a bomba atômica) demonstrou que os EUA reagem
com dois pesos e duas medidas.
Sujeita a sanções econômicas
americanas, a Coréia do Norte
diz que não retomará as negociações sobre seu programa nuclear, interrompidas desde setembro do ano passado com os
"seis" (China, EUA, as duas Coréias, Japão e Rússia).
Em 1999, Pyongyang anunciou uma moratória em seu
programa de mísseis. Mas há 15
meses disse não estar mais
compromissada, em razão da
"política hostil" de Bush, que
situou o país no "eixo do mal".
Em Nova York, o embaixador
americano na ONU, John Bolton, disse ter iniciado consultas
preliminares no Conselho de
Segurança para coordenar uma
reação em caso de lançamento
do míssil, o que "obviamente
seria bastante sério", afirmou.
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, afirmou ontem que o lançamento
do míssil norte-coreano seria
"sério e uma provocação".
Ela telefonou ao chefe da diplomacia chinesa para que
pressionasse os norte-coreanos a suspender o teste do lançador talvez programado.
Diplomatas americanos tomaram a iniciativa de contatar
diplomatas norte-coreanos na
ONU -é algo bastante excepcional- para adverti-los das
conseqüências da concretização do teste.
Com agências internacionais
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