São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2008

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Bloco se exime de culpa na crise alimentar

DO ENVIADO A BRUXELAS

A União Européia se isenta de responsabilidade na crise alimentar. Enquanto o mundo debate os motivos da escalada dos preços, e o Brasil aponta o dedo para os subsídios dos países ricos -são cerca de US$ 50 bilhões anuais no bloco europeu-, a UE culpa o aumento da demanda nos emergentes, os biocombustíveis e a alta do petróleo.
A explosão nos preços das commodities, que levou a inflação na zona do euro a atingir em maio a maior taxa desde que começou a ser medida, em 1997, era o principal tema da cúpula de Bruxelas até o início da crise irlandesa. Mesmo ofuscada pelo impasse político, o assunto é o que domina as preocupações dos líderes europeus.

Protestos
Com protestos de trabalhadores contra a alta dos combustíveis pipocando em vários países do continente, o problema parece mais urgente. "Nossa principal preocupação é com a situação econômica na Europa. Preços do petróleo e dos alimentos: é isso que vamos discutir", disse o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso.
O debate em torno de possíveis soluções para o atual choque do petróleo causou as primeiras fricções entre os líderes do bloco. Segundo o "Financial Times", Alemanha e Suécia se opuseram à idéia, defendida por França e Itália, de cortar os impostos sobre combustíveis para os consumidores e elevá-los para as petrolíferas.
Para alemães e suecos, a medida seria um mero paliativo, e apenas adiaria a adaptação dos europeus a um futuro inevitável de altos preços de combustíveis fósseis.

Forças de fora
A alta do petróleo é só um dos motivos listados pelo Conselho Europeu para explicar o encarecimento dos alimentos. No documento divulgado ontem, o órgão afirma que a chamada agroinflação é causada "por forças que vêm de fora da União Européia", entre elas o aumento da demanda por alimentos "em grandes países emergentes como China, Índia e Brasil" e a produção de biocombustíveis.
A bilionária ajuda aos fazendeiros do bloco, que o Brasil considera ter sido uma das origens da crise -pois deprimiu os preços e desestimulou a produção agrícola em países em desenvolvimento-, não é mencionada.
A polêmica PAC (Política Agrícola Comum) é lembrada apenas de passagem. (MN)


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