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Bloco se exime de culpa na crise alimentar
DO ENVIADO A BRUXELAS
A União Européia se isenta
de responsabilidade na crise
alimentar. Enquanto o mundo debate os motivos da escalada dos preços, e o Brasil
aponta o dedo para os subsídios dos países ricos -são
cerca de US$ 50 bilhões
anuais no bloco europeu-, a
UE culpa o aumento da demanda nos emergentes, os
biocombustíveis e a alta do
petróleo.
A explosão nos preços das
commodities, que levou a inflação na zona do euro a atingir em maio a maior taxa desde que começou a ser medida, em 1997, era o principal
tema da cúpula de Bruxelas
até o início da crise irlandesa.
Mesmo ofuscada pelo impasse político, o assunto é o que
domina as preocupações dos
líderes europeus.
Protestos
Com protestos de trabalhadores contra a alta dos
combustíveis pipocando em
vários países do continente,
o problema parece mais urgente. "Nossa principal preocupação é com a situação
econômica na Europa. Preços do petróleo e dos alimentos: é isso que vamos discutir", disse o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso.
O debate em torno de possíveis soluções para o atual
choque do petróleo causou
as primeiras fricções entre os
líderes do bloco. Segundo o
"Financial Times", Alemanha e Suécia se opuseram à
idéia, defendida por França e
Itália, de cortar os impostos
sobre combustíveis para os
consumidores e elevá-los para as petrolíferas.
Para alemães e suecos, a
medida seria um mero paliativo, e apenas adiaria a adaptação dos europeus a um futuro inevitável de altos preços de combustíveis fósseis.
Forças de fora
A alta do petróleo é só um
dos motivos listados pelo
Conselho Europeu para explicar o encarecimento dos
alimentos. No documento
divulgado ontem, o órgão
afirma que a chamada
agroinflação é causada "por
forças que vêm de fora da
União Européia", entre elas
o aumento da demanda por
alimentos "em grandes países emergentes como China,
Índia e Brasil" e a produção
de biocombustíveis.
A bilionária ajuda aos fazendeiros do bloco, que o
Brasil considera ter sido uma
das origens da crise -pois
deprimiu os preços e desestimulou a produção agrícola
em países em desenvolvimento-, não é mencionada.
A polêmica PAC (Política
Agrícola Comum) é lembrada apenas de passagem.
(MN)
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