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Fidel rebate declaração de Caetano sobre direitos humanos; artista lança tréplica
DA REDAÇÃO
Em prefácio a um livro relançado nesta semana em Cuba,
Fidel Castro criticou declarações de Caetano Veloso feitas à
Folha em maio, quando, ao comentar sua canção "Baía de
Guantánamo", o músico disse
preferir os EUA a Cuba em matéria de direitos humanos.
"Em duas palavras: o músico
brasileiro pediu perdão ao império por criticar as atrocidades cometidas naquela base naval em território ocupado de
Cuba", escreveu o cubano, ao final do prefácio de 3.800 palavras para a reedição do livro
"Fidel, Bolívia e Algo Mais", sobre uma viagem que fez ao país
andino em 1993.
No texto, Fidel disse que as
frases do "músico brasileiro"
-ele não cita Caetano pelo nome- são "outra prova da confusão e do engano semeados
pelo império". O texto inteiro é
dedicado à exaltação da resistência de Cuba diante dos EUA
e à idéia de que o regime não
deve ceder a chantagens.
À noite, Caetano postou no
blog do show "Obra em Progresso" (www.obraemprogresso.com.br), onde estreou a música sobre Guantánamo, uma
tréplica a Fidel: "Não pedi perdão a ninguém. Procuro pensar
por conta própria. [...] Se não
me submeto ao poderio norte-americano, tampouco aceito
ordens de ditadores".
A menção ao brasileiro no
prefácio de Fidel aparece logo
após o ex-ditador criticar escritos da blogueira cubana Yoani
Sánchez (www.desdecuba.com/generaciony), nos
quais ela reclama do fato de Havana não ter lhe dado visto para
viajar à Espanha para receber
um prêmio.
Defesa de blogueira
"O texto de Fidel é autocongratulatório, prolixo e injusto.
Sobretudo com Yoani Sánchez", escreveu Caetano. Ela e
o marido se defenderam criticando Fidel em seus blogs, acusando-o de ter condecorado
"corruptos, traidores, ditadores" no passado, em referência
a dirigentes da União Soviética
e do Leste Europeu.
Na entrevista de maio à Folha, que provocou a reação de
Fidel, Caetano havia dito: "Se
você falar em questão de como
são observados os direitos humanos e as questões de liberdade e respeito aos homens, sou
100% mais EUA do que Cuba.
[...] Se fosse o tipo de cara de esquerda, pró-Cuba, anti-EUA,
não seria nenhum abalo". O
músico respondia a uma pergunta sobre a letra de "Baía de
Guantánamo", que diz: "O fato
de os americanos desrespeitarem os direitos humanos em
solo cubano é por demais forte
simbolicamente para eu não
me abalar".
Ontem, no texto do blog, o
músico elogiou a decisão da
Corte Suprema dos EUA, na semana passada, que reconheceu
direitos antes negados aos prisioneiros de Guantánamo. Disse que a música não existiria
sem a base nem sem "o valor
simbólico que a Revolução Cubana tem em nossas mentes".
O músico prometeu voltar ao
assunto. Em outubro, recomeçam no Rio de Janeiro as apresentações de "Obra em Progresso", onde Caetano experimenta arranjos e músicas para
o próximo disco, além de "blogar", no palco, suas opiniões.
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