São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2008

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Escassez piora aos cem dias de conflito na Argentina

Açougues não recebem carne, frigoríficos dispensam funcionários, e padarias fecham

Crise se reflete na avaliação da presidente Cristina, cuja imagem positiva caiu para 20%, 36 pontos a menos do que a registrada em janeiro

ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

No dia em que o conflito entre o governo argentino e o campo completou cem dias, agravou-se ainda mais a falta de alimentos e o desabastecimento de combustíveis principalmente no interior do país.
No quarto locaute do setor, que deve terminar hoje à noite, o protesto dos ruralistas consiste apenas em não comercializar grãos para a exportação, mas produtores independentes e donos de caminhões que transportam alimentos continuam a bloquear cerca de 300 pontos de estradas do país.
O conflito foi desencadeado em março quando o governo determinou o aumento de impostos sobre as exportações de grãos. Na terça-feira, o governo cedeu e enviou o projeto que determina o aumento para a apreciação do Congresso.
No país mais carnívoro do mundo, a falta de carne é o que mais preocupa. Segundo a Associação de Proprietários de Açougues da Capital, a maioria dos estabelecimentos não recebeu "uma grama" de carne nesta semana, e os preços irão aumentar devido à grande demanda. Em Córdoba, os açougues estão praticamente sem carne, e 2.300 trabalhadores de frigoríficos foram suspensos.
Faltam também vegetais, laticínios e farinha. Segundo entidade que reúne padarias da Grande Buenos Aires, vários comércios poderiam fechar no fim de semana por não poderem fazer o principal produto.

Popularidade em baixa
O conflito com o campo também provocou queda significativa na popularidade da presidente Cristina Kirchner.
Segundo estudo divulgado ontem pela consultoria Poliarquia, a presidente tem hoje apenas 20% de imagem positiva, queda de seis pontos desde maio e de 36 desde janeiro, quando Cristina era bem avaliada por 56% dos consultados.
Ontem, governo e oposição se organizavam para a batalha da apreciação dos impostos pelo Congresso. O ministro da Justiça, Aníbal Fernández, afirmou ontem que o projeto poderá ser alterado pelos legisladores, ao contrário do que havia sido anunciado anteriormente.


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