|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Escassez piora aos cem dias de conflito na Argentina
Açougues não recebem carne, frigoríficos dispensam funcionários, e padarias fecham
Crise se reflete na avaliação da presidente Cristina, cuja imagem positiva caiu para 20%, 36 pontos a menos do que a registrada em janeiro
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
No dia em que o conflito entre o governo argentino e o
campo completou cem dias,
agravou-se ainda mais a falta de
alimentos e o desabastecimento de combustíveis principalmente no interior do país.
No quarto locaute do setor,
que deve terminar hoje à noite,
o protesto dos ruralistas consiste apenas em não comercializar grãos para a exportação,
mas produtores independentes
e donos de caminhões que
transportam alimentos continuam a bloquear cerca de 300
pontos de estradas do país.
O conflito foi desencadeado
em março quando o governo
determinou o aumento de impostos sobre as exportações de
grãos. Na terça-feira, o governo
cedeu e enviou o projeto que
determina o aumento para a
apreciação do Congresso.
No país mais carnívoro do
mundo, a falta de carne é o que
mais preocupa. Segundo a Associação de Proprietários de
Açougues da Capital, a maioria
dos estabelecimentos não recebeu "uma grama" de carne nesta semana, e os preços irão aumentar devido à grande demanda. Em Córdoba, os açougues estão praticamente sem
carne, e 2.300 trabalhadores de
frigoríficos foram suspensos.
Faltam também vegetais, laticínios e farinha. Segundo entidade que reúne padarias da
Grande Buenos Aires, vários
comércios poderiam fechar no
fim de semana por não poderem fazer o principal produto.
Popularidade em baixa
O conflito com o campo também provocou queda significativa na popularidade da presidente Cristina Kirchner.
Segundo estudo divulgado
ontem pela consultoria Poliarquia, a presidente tem hoje
apenas 20% de imagem positiva, queda de seis pontos desde
maio e de 36 desde janeiro,
quando Cristina era bem avaliada por 56% dos consultados.
Ontem, governo e oposição
se organizavam para a batalha
da apreciação dos impostos pelo Congresso. O ministro da
Justiça, Aníbal Fernández, afirmou ontem que o projeto poderá ser alterado pelos legisladores, ao contrário do que havia
sido anunciado anteriormente.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Chávez e Lugo assinam acordo petroleiro Índice
|