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Chávez e Lugo assinam acordo petroleiro
"Não faltará uma gota ao Paraguai", diz venezuelano, que ameaça retaliar Europa por lei antiimigração
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Quase dois meses antes de
sua posse, o presidente eleito
paraguaio, Fernando Lugo, assinou ontem um pré-acordo de
fornecimento de petróleo e derivados com Hugo Chávez.
"Tenha o povo paraguaio a
certeza de que a Venezuela assegura o fornecimento petroleiro de que necessita esse povo
irmão. Não faltará nenhuma
gota de petróleo ao Paraguai",
disse Chávez, durante entrevista coletiva realizada ao lado de
Lugo, na sede da estatal
PDVSA, em Caracas.
Antes, Lugo havia ressaltado
a importância da oferta venezuelana para contornar as dificuldades no setor de combustível - nesta semana, a estatal
Petropar adotou um esquema
de racionamento de óleo diesel
no país devido aos poucos estoques. "Estamos quase, quase
sofrendo a falta de petróleo
agora no Paraguai, inclusive para as colheitas."
O comunicado conjunto, lido
durante o ato, tem um tom vago. Fala em "aliança estratégica" entre os dois países em
energia e prevê "uma cooperação técnica entre as suas empresas nacionais PDVSA e Petropar, orientadas a alcançar a
segurança energética".
O comunicado não mencionou o Mercosul, bloco no qual a
entrada da Venezuela ainda depende da aprovação dos Parlamentos paraguaio e brasileiro.
Apenas Chávez citou o bloco
em seu discurso, mas para criticá-lo: disse que privilegia o comercial sobre o social. Em seguida, convidou Lugo a ingressar à Alba (Alternativa Bolivariana para os Povos da Nossa
América), bloco idealizado por
Chávez em 2004 que reúne Venezuela, Bolívia, Nicarágua,
Cuba e Dominica.
Ao longo de sua fala, o ex-bispo Lugo, que toma posse em 15
de agosto, evitou usar referências de esquerda e preferiu enfatizar a luta contra a pobreza
com referências religiosas.
Chávez, por outro lado, evocou a imagem do ditador Francisco Solano López (1826-1870), personagem controverso da história paraguaia e responsável pelo início da Guerra
do Paraguai (1864-1870).
"O povo paraguaio enfrentou
a guerra da tríplice infâmia,
uma guerra que quase destrói
aquela nação. Guerra imperialista, utilizando como subimpério Argentina, Brasil e Uruguai", disse o venezuelano.
Ameaça à Europa
Questionado sobre a nova legislação imigratória aprovada
anteontem pelo Parlamento
Europeu, que permite a detenção por até um ano e meio de
imigrantes ilegais antes de sua
deportação, Chávez afirmou:
"Nosso petróleo não deve chegar a esses países".
"Se algum país europeu começar a aplicar isso e a meter
presos colombianos, paraguaios, bolivianos, equatorianos, então vamos começar a fazer a lista das empresas desse
país que têm investimentos na
Venezuela para aplicar-lhes a
mesma... olho por olho", disse.
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