São Paulo, sábado, 20 de julho de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Exército demole casas de 2 acusados palestinos, prende 21 e ameaça transferi-los a Gaza; EUA se opõem à iniciativa

Israel pode deportar parentes de terroristas

France Presse
Blindado israelense arromba a frente de uma loja no campo de refugiados de Deheisheh, Cisjordânia


DA REDAÇÃO

Israel destruiu ontem na Cisjordânia as casas de dois palestinos acusados de atividades terroristas. O Exército prendeu 21 familiares dos suspeitos e estuda deportá-los.
A iniciativa israelense ocorre em retaliação a dois atentados palestinos que mataram pelo menos 11 civis entre terça e quarta-feira.
A detenção e a possibilidade de expulsão de parentes dos terroristas foi duramente criticada pela Autoridade Nacional Palestina (ANP). "Vejo isso como um crime de guerra", disse o negociador palestino Saeb Erekat. O Hamas -responsável por grande parte dos ataques suicidas- prometeu uma escalada em sua campanha em caso de deportações.
O procurador-geral israelense, Elyakim Rubinstein, disse que, embora as autoridades não tenham base legal para punir pessoas tendo o parentesco como justificativa, Israel poderia expulsar aqueles que tivessem ligação com as atividades terroristas.
Daniel Taub, porta-voz da Chancelaria, disse que a deportação seria uma forma de erradicar um "ambiente de apoio" aos suicidas. Segundo ele, as famílias, geralmente pobres, estimulam seus jovens a aderir a grupos extremistas e recebem dinheiro que países como o Iraque enviam para os "mártires" suicidas.
O chanceler Shimon Peres afirmou que, se confirmada a legalidade da medida, também apoiará a deportação.
A idéia foi mal recebida nos EUA, onde o porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher, declarou: "Acreditamos que tomar medidas punitivas contra inocentes não resolverá os problemas de segurança de Israel". As residências demolidas ontem pertenciam às famílias de dois procurados, Nasser al-Din Assidi, do Hamas, e Ali Ahmad al-Ajouri, do Fatah. O primeiro estaria envolvido com a morte de oito colonos do assentamento de Emannuel. Já Ajouri teria planejado o duplo atentado suicida que matou três pessoas em Tel Aviv.
Segundo a rádio Israel, 21 homens foram presos. Os militares planejavam transferi-los à faixa de Gaza. Grupos de defesa dos direitos humanos destacaram que tal medida constituiria punição coletiva e que a Convenção de Genebra proíbe a deportação de habitantes de territórios ocupados.
As ameaças de deportação deixam claro uma tentativa de Israel de encontrar novas formas de impedir a ação dos suicidas. Nem mesmo a reocupação militar de sete das oito principais cidades da Cisjordânia, em junho, foi capaz de acabar com o terrorismo.

Com agências internacionais

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