São Paulo, sábado, 20 de julho de 2002

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AVIAÇÃO

Foi o terceiro caso nesta semana em que aviões são escoltados por caças por causa de pequenos incidentes durante o vôo

Faca de plástico causa pouso de emergência

DA REDAÇÃO

No terceiro episódio do gênero nesta semana, um Boeing-767 da companhia aérea colombiana Avianca com 155 pessoas a bordo foi escoltado por um caça e fez uma aterrissagem de emergência em uma base militar perto de Madri ontem, depois que um homem bêbado ameaçou passageiros com uma faca de plástico.
Na segunda-feira, um vôo proveniente do Uzbequistão foi escoltado por caças até Tel Aviv porque um passageiro queria fumar no vôo. Na terça, caças F-16 acompanharam um avião proveniente de Chicago porque uma família indiana ficou trocando de lugar e apontando para monumentos perto de Nova York.
Desde os atentados de 11 de setembro contra os EUA, realizados após o sequestro de aviões, a segurança foi reforçada em aeroportos de todo o mundo, e medidas de precaução foram tomadas, como a escolta de aviões civis por caças quando se detecta alguma ameaça de sequestro dentro deles. Os caças serviriam para abater o avião sequestrado caso houvesse indício de que seria jogado contra edificações em terra.
O vôo AVA-010 da Avianca partiu do México anteontem, fez escala em Bogotá e chegou a Madri na hora prevista, às 11h40 (6h40 em Brasília), mas teve de aterrissar na base aérea de Torrejón, a 15 km da capital espanhola, em vez de no aeroporto de Barajas.
A polícia chegou a anunciar que se tratava de uma tentativa de sequestro, mas o vice-premiê e porta-voz do governo espanhol, Mariano Rajoy, afirmou que o que ocorreu foi apenas uma "alteração da ordem pública".
Segundo Rajoy, o autor do incidente, o espanhol nascido em Cuba Perfecto Manuel Vázquez Expósito, foi detido. O vice-premiê disse que o homem estava em "elevado estado de embriaguez".
Pouco antes, um porta-voz do Ministério do Interior afirmara que o incidente não podia ser qualificado como tentativa de sequestro porque "esse indivíduo não tentou em nenhum momento entrar na cabine dos pilotos".
O embaixador da Colômbia na Espanha, Alvaro Villegas, disse que Vázquez Expósito e um segundo homem que não causou problemas haviam sido deportados do México por problemas relacionados a drogas. "Não posso dizer onde falharam as medidas de segurança, mas eles deveriam ter vindo com escolta", afirmou.
Segundo passageiros, Vázquez passara a noite toda agitado, falando alto e xingando pessoas à sua volta. Veléz disse que ele também ameaçou os passageiros com um isqueiro e uma caneta.
O piloto informou a torre de controle de Barajas sobre o episódio com a faca, que pediu que ele pousasse em Torrejón.
A aeronave foi então escoltada por um caça F-18 da Força Aérea espanhola até a base aérea, onde Vázquez Expósito foi preso.

"Paranóicos"
Dois grandes jornais indianos, o "The Indian Express" e o "The Times of India", trouxeram ontem em sua primeira página a história da família da atriz indiana Samyuktha Verma, que provocou pânico no vôo 204 da American Trans Air na terça-feira.
No incidente, o pai, a mãe e a irmã de Verma, 20, que a acompanhavam no vôo proveniente de Chicago, despertaram a desconfiança de passageiros e da tripulação ao conversar animadamente em malayalam (língua falada na região de Kerala, no sul da Índia) e ao disputar a cadeira ao lado da janela, apontando para monumentos como a Estátua da Liberdade, em Nova York.
A aeronave acabou sendo escoltada por dois F-16 até o aeroporto La Guardia, e a família foi interrogada por agentes antiterrorismo.
O episódio foi tratado com ironia pelos jornais indianos. Segundo o "Indian Express", "nem Bollywood [a indústria cinematográfica indiana] poderia ter escrito o roteiro dessa farsa nova-iorquina". O diário, segundo o qual Verma é "a Julia Roberts do cinema malayam", descreveu os americanos como "paranóicos".
Na segunda-feira, caças israelenses escoltaram um avião de passageiros uzbeque até o aeroporto de Tel Aviv depois de o piloto pedir à torre que destacasse um policial para a aterrissagem. Ao ver que estava sendo escoltado por caças, o piloto disse que se tratava só de um passageiro fumante que se recusava a apagar o cigarro, mas Israel manteve a escolta.


Com agências internacionais


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