São Paulo, sábado, 20 de julho de 2002

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GUERRA CIVIL

Líder atribui fim das AUC a envolvimento de grupos com narcotráfico; para analistas, estratégia visa conseguir anistia

Organização paramilitar colombiana anuncia dissolução

DA REDAÇÃO

O principal líder paramilitar de direita colombiano, Carlos Castaño, anunciou a dissolução das AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia), organização que reunia diversos grupos paramilitares do país. Segundo ele, o fim das AUC foi provocado pelo envolvimento de muitos desses grupos com o narcotráfico.
"Nós nos encontramos com uma série de grupos atomizados e altamente contaminados pelo narcotráfico e que, em muitos casos, passaram da confederação à anarquia ou perderam sua identidade e seus princípios", afirmou Castaño em um comunicado na página do grupo na internet.
"Essas são as causas que fazem insustentável a permanência das AUC como organização nacional", disse. "Esse desmantelamento nos permitirá refazer uma organização nacional de grupos de autodefesa com uma atuação pela qual todos os colombianos honestos possam se sentir representados e defendidos."
As AUC, cujo objetivo manifesto é combater os grupos guerrilheiros de esquerda, como as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), são acusadas de desrespeito aos direitos humanos. Ao grupo é atribuída boa parte dos massacres de populações civis ocorridas nos últimos anos na Colômbia. Segundo as denúncias, os paramilitares ameaçam e atacam povoados nos quais suspeitam haver colaboração com as guerrilhas.
Para o analista militar Alfredo Rangel, o desmantelamento das AUC pode fazer parte de uma estratégia para conseguir do governo um reconhecimento como grupo político, o que implicaria uma anistia aos seus membros.
O presidente eleito da Colômbia, Alvaro Uribe, que assume o cargo no dia 7 de agosto, já declarou que admitiria negociar um processo de paz com os paramilitares, desde que eles deixassem de praticar atos violentos. Os paramilitares declararam apoio a Uribe durante a campanha.
Para Alfredo Rangel, o fim das AUC não representará uma diminuição na intensidade do conflito colombiano ou uma redução das áreas de presença paramilitar, porque os grupos locais, com mais autonomia, continuarão atuando -em alguns casos com mais força ainda.


Com agências internacionais

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