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EUA
Maior greve em 21 anos deu prejuízo de US$ 650 milhões à transportadora
Acordo encerra paralisação na UPS depois de 15 dias
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington
Terminou ontem a greve dos
funcionários da maior empresa
transportadora de encomendas
dos EUA, a UPS (United Parcel
Service). Foi a maior paralisação
de trabalhadores realizada no país
em 21 anos. Durou 15 dias, provocou prejuízos de US$ 650 milhões
para a companhia e o acordo que
pôs fim a ela foi considerado uma
vitória para os sindicalistas.
A empresa concordou em transformar 10 mil vagas de trabalho de
meio período em empregos de
tempo integral (em vez dos 1.000
que havia oferecido), conceder aumentos salariais que em cinco
anos representarão acréscimo de
36% (em vez dos 15% que pretendia dar) e manter o atual sistema
de aposentadoria dos funcionários
(que queria trocar por outro, que
garantiria menos benefícios).
Em compensação, a UPS diz que
poderá demitir até 15 mil dos seus
302 mil empregados devido aos
prejuízos sofridos nos últimos 15
dias e à estimada redução de 5%
nos 12 milhões de pacotes que a
empresa distribuía por dia antes
da greve. A UPS controla 80% do
mercado de entrega de encomendas nos EUA e faturou US$ 22,4 bilhões em 1996. O concorrente que
parece ter obtido mais clientes
com a greve foi o Correio dos EUA.
Os grandes vitoriosos da greve
foram o movimento sindical norte-americano e a secretária do Trabalho dos EUA, Alexis Herman.
Os sindicalistas conseguiram, pela
primeira vez em três décadas, ganhar apoio maciço da opinião pública durante uma paralisação em
larga escala. O item da pauta de
reivindicações que teve mais simpatia dos norte-americanos foi o
dos empregados em meio período.
A UPS manteve seu salário (US$ 8
por hora) inalterado por 15 anos.
Herman, 49, negra, solteira, sem
filhos, recebeu elogios de patrões,
empregados, jornalistas, parlamentares, líderes da opinião pública e do presidente Bill Clinton
pelo seu papel de intermediária
entre a UPS e o sindicato. Depois
de ter conseguido colocar as duas
partes em negociações ao final da
primeira semana da greve, coordenou 90 horas de reuniões que resultaram no acordo de ontem.
Os sindicalistas diziam estar preparados para uma greve muito
mais longa. Todos os sindicatos do
país se uniram para prover US$ 55
semanais para os 185 mil funcionários que aderiram ao movimento.
Apenas 15% dos trabalhadores
norte-americanos são associados a
sindicatos. No setor privado, a
participação decresce para 10%
(entre os funcionários públicos, a
adesão é de 38%). Os sindicatos
têm perdido popularidade a cada
ano nas duas últimas décadas. O
número de greves em 1996 foi o
mais baixo em 50 anos: 385, e 350
delas foram movimentos pequenos, de menos de mil pessoas.
Ontem, líderes dos maiores sindicatos do país comemoravam o
acordo como um marco para o renascimento do sindicalismo.
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