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HISTÓRIA
Nomes de prédios da universidade e verbas de bolsas têm elo com escravocratas
Vínculo com escravidão abala Yale
DAVID USBORNE
DO "THE INDEPENDENT"
A Universidade Yale ficou constrangida com a divulgação de
uma pesquisa que revela ligações
profundas entre a instituição e diversos conhecidos defensores da
escravidão nos Estados Unidos.
As revelações coincidem com o
300º aniversário de Yale, que está
sendo usado para alardear o seu
histórico de apoio ao abolicionismo e à emancipação dos negros.
O estudo "Yale, Slavery and
Abolition" ("Yale, Escravidão e
Abolição"), publicado este mês
por três doutorandos de Yale, revela que, até os anos 60, a universidade batizava seus edifícios com
nomes de escravagistas e que suas
primeiras bolsas de estudo foram
criadas com dinheiro ligado à escravidão.
Assim, Yale, que foi a primeira
universidade do país a abrir um
departamento dedicado ao estudo do abolicionismo, deve participar do crescente debate no país
que discute se as instituições que
têm a escravidão no seu passado
devem pedir desculpas aos descendentes de escravos e lhes oferecer compensação financeira.
Os EUA ameaçam boicotar a
conferência de combate ao racismo da ONU que começa em 31 de
agosto na África do Sul. O país se
opõe a um pedido formal de desculpas ou reparações financeiras a
descendentes de escravos.
Oito dos 12 edifícios residenciais no campus de Yale têm nomes de escravocratas. Uma faculdade tem o nome de John Calhoun, um vice-presidente dos
EUA que lutou pela preservação
da escravidão no século 19. Algumas das primeiras bolsas de estudo de Yale foram financiadas por
uma fazenda escravagista, do bispo George Berkeley. Uma faculdade de Yale chama-se Berkeley.
Para Antony Dugdale, um dos
autores do artigo (disponível no
site www.yaleslavery.org), Yale
deve responder às constatações.
"As universidades deveriam defender a verdade", disse ele. "Mas
não houve nenhuma discussão
real sobre o papel delas em relação à escravidão."
Yale, uma das mais conceituadas universidades dos EUA, situada em Connecticut (leste), alega
que não está sozinha. No ano passado, o mais antigo jornal do país,
o "The Hartford Courant", teve
de se desculpar por ter publicado,
durante décadas, anúncios de escravocratas.
"Hoje lamentamos esses males
e procuramos melhor compreendê-los, mas não é possível desfazer o que foi feito", disse Helaine
Klasky, porta-voz de Yale. O estudo pede que a universidade convoque uma conferência de universidades que remontem aos
anos de escravidão para analisar o
papel que elas tiveram na cultura
escravocrata do país.
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