|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ORIENTE MÉDIO
Abu Nidal, considerado "uma espécie de Bin Laden" dos anos 70 e 80, teria sido encontrado baleado em Bagdá
"Superterrorista" morreu, dizem palestinos
DA REDAÇÃO
O líder terrorista palestino Abu
Nidal, 65, um dos homens mais
procurados do mundo, foi encontrado morto em sua casa em Bagdá, disseram fontes palestinas.
As circunstâncias de sua morte
ainda não foram esclarecidas. Integrantes do Conselho Revolucionário do Fatah (Fatah-CR), organização comandada por Nidal, dizem que ele teria se suicidado
porque não suportava mais viver
com câncer.
Mas há fortes suspeitas de que
ele foi assassinado, já que teria sido encontrado com várias perfurações de bala. O diário palestino
"Al-Ayyam" afirmou ontem que
Abu Nidal (o "pai da luta", em
árabe) foi encontrado baleado há
quatro dias. No Líbano, seu porta-voz disse que ainda não havia
confirmado a morte. Essa não é a
primeira vez que circulam rumores sobre sua morte.
Inimigo e crítico feroz do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, Abu Nidal
dirigia um grupo guerrilheiro
acusado de ter praticado ataques e
sequestros em 20 países, principalmente nas décadas de 70 e 80.
Mais de 275 pessoas morreram
em pelo menos cem operações.
Serviços de inteligência ocidentais acreditam que países como a
Líbia e o Iraque eram os principais patrocinadores de suas atividades, que tinham alvos judaicos
e israelenses como principais objetivos.
Em Washington, o porta-voz do
Departamento de Estado Philip
Reeker disse que os EUA ainda
não tinham condições de confirmar a morte do terrorista, mas
afirmou: "O mundo seria certamente um lugar melhor sem pessoas como Abu Nidal".
No passado, o Departamento de
Estado chegou a classificar o Fatah-CR como "a mais perigosa organização terrorista que existe".
O líder guerrilheiro é visto como o autor intelectual de duas
ações com armas e granadas em
1985 contra balcões da companhia aérea israelense El Al nos aeroportos de Roma e de Viena, que
mataram 19 pessoas e feriram
mais de cem.
Em 1986, seus homens mataram
22 pessoas e feriram cem ao tentar
sequestrar um avião da Pan Am
em Karachi (Paquistão). No mesmo mês, seu grupo foi responsabilizado pelo assassinato de 22 judeus que rezavam numa sinagoga
de Istambul.
Dissidência da OLP
O Fatah-CR, que rompeu com a
Organização para a Libertação da
Palestina (OLP), de Arafat, em
1974, também foi acusado de tentar matar a tiros o embaixador israelense em Londres Shlomo Argov, em junho de 1982. O episódio
serviu de argumento para Israel
invadir o Líbano para tentar eliminar grupos armados palestinos
baseados no país.
Segundo o analista político israelense Yossi Melman, Abu Nidal -nome de guerra do palestino Sabri al Bana, nascido perto de
Tel Aviv- "era considerado nos
anos 70 e 80 uma espécie de Bin
Laden, um terrorista que estava
envolvido em tudo".
Abu Nidal, disse Melman, teria
trabalhado "para muitos governos e agências de inteligência
-iraquianos, sírios, líbios- e foi
especialmente ativo contra a OLP
e assessores próximos de Arafat.
Ele até mesmo tentou assassinar
Arafat".
Nos anos 70, as lideranças palestinas mais dispostas a chegar a
uma solução política com Israel
viviam sob ameaças do Fatah-CR.
O grupo teria matado delegados
da OLP em Londres, Paris, Roma,
Madri, Bruxelas e no Kuait, além
de ter planejado um atentado à
bomba que matou quatro funcionários do escritório da OLP em Islamabad (Paquistão).
Abu Nidal foi condenado à
morte por uma corte militar do
Fatah (partido de Arafat), em
1973. Também teve uma pena de
prisão perpétua decretada na Itália após o ataque ao aeroporto de
1985. Nunca, porém, foi capturado para cumprir as sentenças.
Segundo relatos contraditórios,
ele vivia em Bagdá havia cerca de
18 meses, após ter residido no Egito. Os EUA afirmaram que a sua
presença no Iraque seria mais
uma prova de que o regime de
Saddam Hussein apóia o terrorismo internacional.
Em Beirute, o especialista em
política iraquiana Khairallah
Khairallah disse que Abu Nidal
voltou a Bagdá após resolver suas
divergências com o governo do
país. Segundo ele, as autoridades
iraquianas o acusaram de traição
durante a Guerra do Golfo (1991),
quando o terrorista teria se aliado
ao Kuait e à Arábia Saudita e se
negado a participar de operações
contra alvos americanos encomendadas por Saddam Hussein.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Bush cancelou plano contra grupo, diz TV Próximo Texto: Após acordo, Israel retira tropas de Belém Índice
|