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São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

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DIA DE TERROR

Presidente dos EUA diz que explosão que matou diplomata brasileiro Vieira de Mello foi atentado contra o "mundo civilizado"

Bush cobra mais ajuda internacional

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Qualificando a explosão de ontem na sede das Nações Unidas, em Bagdá, como um atentado "contra o mundo civilizado", o presidente dos EUA, George W. Bush, cobrou mais ajuda internacional aos esforços de reconstrução do Iraque.
"Os terroristas que cometeram esse atentado são inimigos de todos os países que querem ajudar o Iraque. Por suas táticas e seus alvos, esses assassinos se revelam mais uma vez inimigos do mundo civilizado", disse Bush.
Na sequência, o presidente americano lançou a mais forte cobrança até aqui para que outros países militarmente importantes se engajem no Iraque:
"Todas as nações do mundo têm agora pela frente um desafio e uma escolha. Os terroristas estão testando nossa determinação, mas vamos continuar a guerra contra o terror até que os assassinos sejam levados à Justiça."
De forma coordenada, o mesmo tom de cobrança partiu do alto escalão do governo americano, com o Departamento de Estado, responsável pela diplomacia, à frente. "A comunidade internacional deve renovar o seu compromisso para trabalhar com o povo iraquiano", disse o secretário de Estado, Colin Powell.
Há semanas, os EUA vinham cobrando de maneira não tão veemente a participação de países como França, Rússia e Alemanha nos esforços de reconstrução e segurança iraquianas.
Além dos EUA, apenas o Reino Unido tem um número significativo de soldados no país. Por ora, 22 países, incluindo a Polônia, a Espanha e a Ucrânia, já se comprometeram a enviar soldados.
Nas Nações Unidas, no entanto, os EUA têm trabalhado em todas as oportunidades possíveis no sentido de evitar uma divisão de poder no comando do Iraque.
Também os esforços e contratos para a reconstrução do país, especialmente na área de petróleo, estão todos praticamente vinculados a empresas americanas -apesar de russos e franceses terem, historicamente, laços com o Iraque nessa área.
O apelo de Bush a outros países também corre o risco de passar um sinal contrário a tudo o que os americanos vêm dizendo sobre os progressos no Iraque.
Além dos 145 soldados da coalizão mortos no país desde que Bush declarou o fim dos combates de maior porte, no início de maio, os ataques no Iraque vêm se mostrando mais organizados e dirigidos agora a outros alvos importantes. Nos últimos dias, por exemplo, foram atacados a rede de distribuição de água em Bagdá e um oleoduto no país.
A explosão de ontem também ocorreu no mesmo dia em que deputados norte-americanos estavam em Bagdá para acompanhar o trabalho de "'pacificação".
Ainda ontem pela manhã, Bush deu declarações comemorando a prisão, em Mossul, do ex-vice-presidente iraquiano, Taha Yassin Ramadan, o número 20 da lista dos mais procurados no Iraque.
Otimista, o presidente deu também como certa a captura de Saddam Hussein. "Vamos prendê-lo e levá-lo à Justiça."
Horas depois, enquanto jogava golfe em suas férias no Texas, Bush teve de interromper seu momento de lazer, colocar uma gravata, e fazer um pronunciamento sobre o atentado à ONU.
Antes, Bush havia telefonado para o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e para o administrador americano no Iraque, Paul Bremer. Preparando o terreno para novos revezes, o Departamento de Estado americano previu ontem que novos atentados no Iraque contra os EUA devem ocorrer nos próximos dias.
Ao mesmo tempo e pela primeira vez, uma enquete perguntava ontem na rede de TV CNN americana: "O Iraque já se tornou um pântano para os EUA?".


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