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DIA DE TERROR
Presidente dos EUA diz que explosão que matou diplomata brasileiro Vieira de Mello foi atentado contra o "mundo civilizado"
Bush cobra mais ajuda internacional
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Qualificando a explosão de ontem na sede das Nações Unidas,
em Bagdá, como um atentado
"contra o mundo civilizado", o
presidente dos EUA, George W.
Bush, cobrou mais ajuda internacional aos esforços de reconstrução do Iraque.
"Os terroristas que cometeram
esse atentado são inimigos de todos os países que querem ajudar o
Iraque. Por suas táticas e seus alvos, esses assassinos se revelam
mais uma vez inimigos do mundo
civilizado", disse Bush.
Na sequência, o presidente
americano lançou a mais forte cobrança até aqui para que outros
países militarmente importantes
se engajem no Iraque:
"Todas as nações do mundo
têm agora pela frente um desafio e
uma escolha. Os terroristas estão
testando nossa determinação,
mas vamos continuar a guerra
contra o terror até que os assassinos sejam levados à Justiça."
De forma coordenada, o mesmo tom de cobrança partiu do alto escalão do governo americano,
com o Departamento de Estado,
responsável pela diplomacia, à
frente. "A comunidade internacional deve renovar o seu compromisso para trabalhar com o
povo iraquiano", disse o secretário de Estado, Colin Powell.
Há semanas, os EUA vinham
cobrando de maneira não tão veemente a participação de países como França, Rússia e Alemanha
nos esforços de reconstrução e segurança iraquianas.
Além dos EUA, apenas o Reino
Unido tem um número significativo de soldados no país. Por ora,
22 países, incluindo a Polônia, a
Espanha e a Ucrânia, já se comprometeram a enviar soldados.
Nas Nações Unidas, no entanto,
os EUA têm trabalhado em todas
as oportunidades possíveis no
sentido de evitar uma divisão de
poder no comando do Iraque.
Também os esforços e contratos
para a reconstrução do país, especialmente na área de petróleo, estão todos praticamente vinculados a empresas americanas
-apesar de russos e franceses terem, historicamente, laços com o
Iraque nessa área.
O apelo de Bush a outros países
também corre o risco de passar
um sinal contrário a tudo o que os
americanos vêm dizendo sobre os
progressos no Iraque.
Além dos 145 soldados da coalizão mortos no país desde que
Bush declarou o fim dos combates de maior porte, no início de
maio, os ataques no Iraque vêm se
mostrando mais organizados e
dirigidos agora a outros alvos importantes. Nos últimos dias, por
exemplo, foram atacados a rede
de distribuição de água em Bagdá
e um oleoduto no país.
A explosão de ontem também
ocorreu no mesmo dia em que
deputados norte-americanos estavam em Bagdá para acompanhar o trabalho de "'pacificação".
Ainda ontem pela manhã, Bush
deu declarações comemorando a
prisão, em Mossul, do ex-vice-presidente iraquiano, Taha Yassin Ramadan, o número 20 da lista dos mais procurados no Iraque.
Otimista, o presidente deu também como certa a captura de Saddam Hussein. "Vamos prendê-lo
e levá-lo à Justiça."
Horas depois, enquanto jogava
golfe em suas férias no Texas,
Bush teve de interromper seu momento de lazer, colocar uma gravata, e fazer um pronunciamento
sobre o atentado à ONU.
Antes, Bush havia telefonado
para o secretário-geral da ONU,
Kofi Annan, e para o administrador americano no Iraque, Paul
Bremer. Preparando o terreno para novos revezes, o Departamento
de Estado americano previu ontem que novos atentados no Iraque contra os EUA devem ocorrer
nos próximos dias.
Ao mesmo tempo e pela primeira vez, uma enquete perguntava
ontem na rede de TV CNN americana: "O Iraque já se tornou um
pântano para os EUA?".
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