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ÚLTIMOS MOMENTOS
Preso sob uma viga de ferro, brasileiro pediu "água"
DA REDAÇÃO
"Água, água". Essas foram as
últimas palavras proferidas pelo
brasileiro Sérgio Vieira de Mello,
55, representante especial da
ONU no Iraque, segundo um segurança da sede das Nações Unidas em Bagdá.
O escritório de Vieira de Mello
ficava no segundo andar do prédio, mas, após a explosão do caminhão-bomba, seu assessor
Ghassan Salamé afirmou tê-lo
visto ferido no térreo, com uma
viga de ferro sobre as pernas.
"Subi ao segundo andar e o vi
embaixo, imobilizado. Gritei "Sérgio, Sérgio", e ele respondeu
"Ghassan'", contou. "Disse a ele:
"Sérgio, não se preocupe, vamos
voltar para buscá-lo. Vamos tirar
você daí'", afirmou Salamé. Em
seguida, chegou um segurança, a
quem Vieira de Mello pediu água,
em voz baixa.
Segundo relato do guarda à
agência France Presse, um outro
segurança escavou os escombros
com as mãos: "Quando chegou ao
lugar onde ele se encontrava, o
corpo estava frio, ele havia perdido muito sangue pelas pernas".
A morte de Vieira de Mello foi
confirmada pela ONU cerca de
cinco horas após o atentado. Antes, ele foi dado como seriamente
ferido sob os escombros.
Fayez Sarhan, funcionário da
ONU, disse ter visto o momento
em que o caminhão-bomba
-aparentemente uma betoneira
amarela- atingiu a parede do
antigo Canal Hotel, transformado
em sede da ONU.
A funcionária Alice Yacoub estava na cafeteria. "Tudo caiu na
minha cabeça", disse.
O porta-voz da ONU em Bagdá,
M. Salim Lone, trabalhava em seu
computador: "Estava a cerca de
60 metros do local da explosão e
achei que a bomba estivesse atrás
de mim". "Corri para o corredor.
Todo mundo estava seriamente
ferido, com ferimentos expostos e
sangue no rosto", disse.
Segundo Lone, a área em torno
do escritório do representante da
ONU foi especialmente danificada. "As salas sob e em torno do escritório já não existem. São só
destroços", afirmou.
De acordo com Mouna Naïm,
correspondente do jornal francês
"Le Monde" que participava de
uma conferência de imprensa no
prédio, "tudo ruiu". "Foi uma
verdadeira carnificina", disse.
A explosão também destruiu
parte de um hospital ao lado, e o
funcionário Abdul Rahman al
Apshan foi atingido: "De repente,
me vi no ar e caindo no chão. Não
esperávamos isso. É contra a população do Iraque".
Alguns dos 73 pacientes ficaram
presos nos escombros por mais
de uma hora. Outros foram levados para fora em cadeiras de roda,
praticamente nus, e deixados sob
o sol, no meio da confusão.
Com agências internacionais
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