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DIA DE TERROR
Pego de surpresa, presidente condena o atentado em Bagdá "da forma mais veemente que um ser humano pode condenar"
Lula ataca a "insanidade do terrorismo"
WILSON SILVEIRA
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva afirmou que Sérgio Vieira de
Mello, morto ontem em atentado
em Bagdá, foi "vítima da insanidade do terrorismo".
Lula condenou o terrorismo "da
forma mais veemente que um ser
humano pode condenar", ao ser
informado da morte do enviado
especial da ONU ao Iraque. Decretou luto oficial de três dias.
Em nota, à noite, o Itamaraty
disse que o governo ficou "chocado e compungido" e afirmou que
Vieira de Mello "é motivo de orgulho para toda a nação".
A informação sobre a morte
chegou a Lula pelo chanceler Celso Amorim, diante da imprensa.
Pego de surpresa, ficou sem reação. Apenas comunicou a morte
aos jornalistas e passou a palavra
ao presidente do Chile, Ricardo
Lagos, que estava ao seu lado para
fazer uma declaração conjunta
sobre o encontro que haviam acabado de realizar.
Lula expressou suas condolências à família de Mello depois que
Lagos o fez e pediu um minuto de
silêncio aos presentes.
Amorim recebeu a notícia da
morte às 14h15, no jardim da
Granja do Torto, quando aguardava Lula e Lagos chegarem para
fazer a declaração conjunta.
Os jornalistas puderam ouvir
quando Amorim falava ao telefone: "Oh, my God! Oh, my God!
Give my solidarity to the family"
(Ó, meu Deus! Ó, meu Deus! Dê
minha solidariedade à família).
Ele recebeu a notícia do chefe-de-gabinete do secretário-geral da
ONU, Kofi Annan.
Lula apareceu com Lagos em seguida e foi avisado por Amorim.
O presidente começou seu pronunciamento cumprimentando
os fotógrafos pelo seu dia, chegando a dizer, rindo, que eles "irritam tanta gente", e então afirmou que havia recebido um "informe muito delicado", sobre o
qual esperava confirmação.
A confirmação veio às 14h27.
Amorim esperou Lula falar sobre
as relações Brasil-Chile e lhe entregou um papel com a informação. Depois dos discursos, Lula
serviu um churrasco a seu colega
chileno, regado a vinho.
Admiração
Amorim afirmou que Mello era
uma pessoa pela qual o governo
brasileiro tinha enorme admiração, "um brasileiro que honra a
nossa cidadania, nossa capacidade de lutar pela paz, de servir ao
multilateralismo".
"Que ele sirva de exemplo para
todos nós e para nossa diplomacia, embora ele próprio não fosse
um diplomata brasileiro, mas ele
honrou o Brasil e a própria diplomacia brasileira pela ação que teve ao longo dos anos nas Nações
Unidas", disse Amorim.
Ao chegar para a reunião no
Torto, duas horas antes, Amorim
disse que havia acabado de telefonar para a ONU e que tinha recebido a notícia de que Mello estava
preso nos escombros do seu escritório e que havia feito contato,
provavelmente por celular.
O ministro disse que esteve recentemente com Mello em Amã
(Jordânia), participando de uma
reunião sobre a reconstrução do
Iraque e a paz no Oriente Médio.
"Que a morte brutal de Sérgio
Vieira de Mello não seja em vão.
Que ela nos ajude a encontrar formas de lutar contra o terrorismo
de uma maneira racional, com o
apoio do multilateralismo e do direito internacional", disse Amorim.
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