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São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

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DIA DE TERROR

Pego de surpresa, presidente condena o atentado em Bagdá "da forma mais veemente que um ser humano pode condenar"

Lula ataca a "insanidade do terrorismo"

WILSON SILVEIRA
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que Sérgio Vieira de Mello, morto ontem em atentado em Bagdá, foi "vítima da insanidade do terrorismo".
Lula condenou o terrorismo "da forma mais veemente que um ser humano pode condenar", ao ser informado da morte do enviado especial da ONU ao Iraque. Decretou luto oficial de três dias.
Em nota, à noite, o Itamaraty disse que o governo ficou "chocado e compungido" e afirmou que Vieira de Mello "é motivo de orgulho para toda a nação".
A informação sobre a morte chegou a Lula pelo chanceler Celso Amorim, diante da imprensa. Pego de surpresa, ficou sem reação. Apenas comunicou a morte aos jornalistas e passou a palavra ao presidente do Chile, Ricardo Lagos, que estava ao seu lado para fazer uma declaração conjunta sobre o encontro que haviam acabado de realizar.
Lula expressou suas condolências à família de Mello depois que Lagos o fez e pediu um minuto de silêncio aos presentes.
Amorim recebeu a notícia da morte às 14h15, no jardim da Granja do Torto, quando aguardava Lula e Lagos chegarem para fazer a declaração conjunta.
Os jornalistas puderam ouvir quando Amorim falava ao telefone: "Oh, my God! Oh, my God! Give my solidarity to the family" (Ó, meu Deus! Ó, meu Deus! Dê minha solidariedade à família). Ele recebeu a notícia do chefe-de-gabinete do secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
Lula apareceu com Lagos em seguida e foi avisado por Amorim. O presidente começou seu pronunciamento cumprimentando os fotógrafos pelo seu dia, chegando a dizer, rindo, que eles "irritam tanta gente", e então afirmou que havia recebido um "informe muito delicado", sobre o qual esperava confirmação.
A confirmação veio às 14h27. Amorim esperou Lula falar sobre as relações Brasil-Chile e lhe entregou um papel com a informação. Depois dos discursos, Lula serviu um churrasco a seu colega chileno, regado a vinho.

Admiração
Amorim afirmou que Mello era uma pessoa pela qual o governo brasileiro tinha enorme admiração, "um brasileiro que honra a nossa cidadania, nossa capacidade de lutar pela paz, de servir ao multilateralismo".
"Que ele sirva de exemplo para todos nós e para nossa diplomacia, embora ele próprio não fosse um diplomata brasileiro, mas ele honrou o Brasil e a própria diplomacia brasileira pela ação que teve ao longo dos anos nas Nações Unidas", disse Amorim.
Ao chegar para a reunião no Torto, duas horas antes, Amorim disse que havia acabado de telefonar para a ONU e que tinha recebido a notícia de que Mello estava preso nos escombros do seu escritório e que havia feito contato, provavelmente por celular.
O ministro disse que esteve recentemente com Mello em Amã (Jordânia), participando de uma reunião sobre a reconstrução do Iraque e a paz no Oriente Médio.
"Que a morte brutal de Sérgio Vieira de Mello não seja em vão. Que ela nos ajude a encontrar formas de lutar contra o terrorismo de uma maneira racional, com o apoio do multilateralismo e do direito internacional", disse Amorim.


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