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São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

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EUA anunciam prisão de vice de Saddam em Mossul

DA REDAÇÃO

O Exército americano anunciou ontem a captura, por forças curdas, de Taha Yassin Ramadan, que ocupava o cargo de vice-presidente no governo do ditador Saddam Hussein.
A prisão de Ramadan, um dos mais procurados membros do antigo regime iraquiano, ocorreu em Mossul, mesma cidade na qual Uday e Qusay Hussein, filhos de Saddam, foram cercados e mortos no mês passado.
A União Patriótica do Curdistão (PUK), um dos dois grupos curdos que lutaram ao lado dos EUA na Guerra do Iraque, disse ter prendido o ex-vice-presidente na noite de anteontem, após localizá-lo em uma casa na qual estava com seus familiares.
Segundo fontes da PUK, Ramadan estava disfarçado com roupas tradicionais de camponês árabe quando foi capturado.
"Os combatentes da PUK detiveram Taha Yassin Ramadan na segunda-feira, às 15h locais [8h em Brasília], em Mossul e o entregaram às forças norte-americanas", disse um membro do grupo, que não quis ser identificado.
Ramadan era o número 20 da lista de 55 autoridades do antigo regime iraquiano mais procuradas pelos EUA. No baralho com os iraquianos procurados preparado pelo Exército americano, ele era o dez de ouros.

Satisfação
Sua captura deve aumentar as esperanças dos EUA de fechar o cerco sobre o próprio Saddam Hussein. "Estou muito satisfeito com a captura do vice-presidente. Devagar, mas certamente, encontraremos quem temos de encontrar", disse o presidente dos EUA, George W. Bush, no Texas.
Até agora, já foram capturados ou mortos 38 dos 55 integrantes da lista de procurados. Apesar disso, as importantes baixas entre os aliados do ex-ditador não têm servido para aplacar a resistência à ocupação do Iraque.
Ramadan, 64, fazia parte do círculo de colaboradores mais próximos de Saddam e era considerado um dos mais influentes integrantes do antigo regime.
De origem sunita, como o ex-ditador, ocupava o cargo de vice-presidente desde 1991 e era um dos mais fortes críticos das equipes de desarmamento da ONU que estiveram no país.
Conhecido por sua linguagem rude, Ramadan chegou a sugerir, uma vez, que Bush resolvesse suas diferenças com Saddam Hussein em um duelo.
Em outra de suas declarações célebres, proferidas quando era ministro da Indústria, nos anos 70, ele disse: "Não sei nada sobre indústria, mas a única coisa que eu sei é que aquele que não trabalhar duro será executado".
Ele também é acusado de haver cometido crimes contra a humanidade por seu papel na repressão a uma revolta curda no norte do Iraque, nos anos 80, e a uma revolta xiita no sul do país, em 1991.
Nos últimos anos de governo, Ramadan desempenhou um papel importante nas tentativas do regime iraquiano de melhorar sua imagem internacional, principalmente no mundo árabe.
Nos meses que antecederam a guerra, ele visitou, entre outros, Egito, Síria, Jordânia, Líbano, Marrocos, Argélia e Tunísia, buscando apoio para evitar o confronto.
Ramadan foi entregue ontem à 101ª Divisão Aerotransportada dos EUA, após um interrogatório de algumas horas pela PUK.
O Exército dos EUA disse ter interesse em questionar Ramadan sobre supostas informações de que Saddam manteve contatos com Osama bin Laden, líder da rede terrorista Al Qaeda.


Com agências internacionais

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