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EUA anunciam prisão de vice de Saddam em Mossul
DA REDAÇÃO
O Exército americano anunciou
ontem a captura, por forças curdas, de Taha Yassin Ramadan,
que ocupava o cargo de vice-presidente no governo do ditador
Saddam Hussein.
A prisão de Ramadan, um dos
mais procurados membros do
antigo regime iraquiano, ocorreu
em Mossul, mesma cidade na
qual Uday e Qusay Hussein, filhos
de Saddam, foram cercados e
mortos no mês passado.
A União Patriótica do Curdistão
(PUK), um dos dois grupos curdos que lutaram ao lado dos EUA
na Guerra do Iraque, disse ter
prendido o ex-vice-presidente na
noite de anteontem, após localizá-lo em uma casa na qual estava
com seus familiares.
Segundo fontes da PUK, Ramadan estava disfarçado com roupas
tradicionais de camponês árabe
quando foi capturado.
"Os combatentes da PUK detiveram Taha Yassin Ramadan na
segunda-feira, às 15h locais [8h
em Brasília], em Mossul e o entregaram às forças norte-americanas", disse um membro do grupo,
que não quis ser identificado.
Ramadan era o número 20 da
lista de 55 autoridades do antigo
regime iraquiano mais procuradas pelos EUA. No baralho com
os iraquianos procurados preparado pelo Exército americano, ele
era o dez de ouros.
Satisfação
Sua captura deve aumentar as
esperanças dos EUA de fechar o
cerco sobre o próprio Saddam
Hussein. "Estou muito satisfeito
com a captura do vice-presidente.
Devagar, mas certamente, encontraremos quem temos de encontrar", disse o presidente dos EUA,
George W. Bush, no Texas.
Até agora, já foram capturados
ou mortos 38 dos 55 integrantes
da lista de procurados. Apesar
disso, as importantes baixas entre
os aliados do ex-ditador não têm
servido para aplacar a resistência
à ocupação do Iraque.
Ramadan, 64, fazia parte do círculo de colaboradores mais próximos de Saddam e era considerado
um dos mais influentes integrantes do antigo regime.
De origem sunita, como o ex-ditador, ocupava o cargo de vice-presidente desde 1991 e era um
dos mais fortes críticos das equipes de desarmamento da ONU
que estiveram no país.
Conhecido por sua linguagem
rude, Ramadan chegou a sugerir,
uma vez, que Bush resolvesse suas
diferenças com Saddam Hussein
em um duelo.
Em outra de suas declarações
célebres, proferidas quando era
ministro da Indústria, nos anos
70, ele disse: "Não sei nada sobre
indústria, mas a única coisa que
eu sei é que aquele que não trabalhar duro será executado".
Ele também é acusado de haver
cometido crimes contra a humanidade por seu papel na repressão
a uma revolta curda no norte do
Iraque, nos anos 80, e a uma revolta xiita no sul do país, em 1991.
Nos últimos anos de governo,
Ramadan desempenhou um papel importante nas tentativas do
regime iraquiano de melhorar sua
imagem internacional, principalmente no mundo árabe.
Nos meses que antecederam a
guerra, ele visitou, entre outros,
Egito, Síria, Jordânia, Líbano,
Marrocos, Argélia e Tunísia, buscando apoio para evitar o confronto.
Ramadan foi entregue ontem à
101ª Divisão Aerotransportada
dos EUA, após um interrogatório
de algumas horas pela PUK.
O Exército dos EUA disse ter interesse em questionar Ramadan
sobre supostas informações de
que Saddam manteve contatos
com Osama bin Laden, líder da
rede terrorista Al Qaeda.
Com agências internacionais
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