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São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

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DIA DE TERROR

Premiê palestino poderá romper negociações com grupos terroristas

Suicida palestino mata 18 em ônibus em Jerusalém

DA REDAÇÃO

Um terrorista suicida se explodiu ontem em um ônibus cheio de judeus religiosos e crianças em Jerusalém, matando ao menos 18 pessoas e ferindo mais de cem, em um dos atentados mais mortíferos em quase três anos de Intifada (levante palestino contra a ocupação israelense iniciado em setembro de 2000). Várias crianças estavam entre os mortos e os feridos.
O ataque, reivindicado por dois grupos terroristas islâmicos, Hamas e Jihad Islâmico, representa nova ameaça à implementação do plano de paz proposto pelos EUA.
Segundo informou a agência France Presse ontem à noite, o primeiro-ministro palestino, Mahmoud Abbas (mais conhecido como Abu Mazen), teria decidido romper os contatos com o Hamas e o Jihad Islâmico, mas não havia confirmação oficial.
Israel anunciou o imediato congelamento das negociações para a devolução ao controle palestino de quatro cidades da Cisjordânia, como previa o plano de paz. A entrega de Jericó e Qalqiliya estava prevista para esta semana.
"Estamos suspendendo as retiradas [do Exército israelense]. Teremos que avaliar a situação. Quando estendemos uma mão, tudo o que conseguimos são mais ataques suicidas", disse o porta-voz da Chancelaria israelense, Yoni Peled. "Até agora, continuamos comprometidos com nossa parte no plano de paz, mas não continuaremos [com a retirada] até que o outro lado ponha um fim nisso [nos ataques]", afirmou.
Os EUA condenaram o atentado e instaram a ANP (Autoridade Nacional Palestina) a desarmar os grupos terroristas palestinos, como prevê o plano de paz.
A explosão aconteceu pouco após as 21h (15h de Brasília), quando o ônibus levava fiéis que haviam estado no Muro das Lamentações, em Jerusalém. Segundo a polícia, o suicida estava disfarçado como judeu religioso.
Dore Gold, porta-voz do governo israelense, disse que Israel "está pagando o preço pela inabilidade da ANP em controlar os militantes palestinos". "Israel terá que proteger sua população", disse, sem especificar ações concretas.
A explosão ocorreu no momento em que o premiê Abu Mazen se reunia com representantes do Jihad Islâmico na faixa de Gaza para tentar persuadi-los a interromper os ataques terroristas.
Mazen condenou "firmemente" o atentado, afirmando que foi "um ato terrível contra civis israelenses, que não ajuda em nada os interesses do povo palestino".
Os principais grupos terroristas palestinos, incluindo o Jihad Islâmico e o Hamas, anunciaram em 29 de junho uma trégua unilateral, mas disseram que continuarão a fazer atos para vingar a morte de seus membros por Israel.
Na semana passada, o Jihad Islâmico havia ameaçado atacar Israel para vingar a morte de um líder do grupo, Mohammed Sidr, durante uma operação do Exército em Hebron, na Cisjordânia.
Os atentados recentes são uma indicação da incapacidade de Mazen em controlar os terroristas. Politicamente fraco, até agora ele afirmou não poder usar a força contra os grupos, porque isso poderia levar a uma guerra civil palestina. Ontem, a agência France Presse noticiou que ele teria decidido romper qualquer diálogo com os terroristas.
Mazen foi nomeado premiê em abril pelo presidente da ANP, Iasser Arafat, afastado do processo de paz por exigência de Israel e dos EUA, que o acusam de fomentar ou tolerar o terrorismo. Arafat, confinado por Israel em seu QG em Ramallah há meses, nega as acusações.


Com agências internacionais

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