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Sem ter para onde se expandir, Manhattan cresce "para dentro"
DE NOVA YORK
Com 21 km de extensão por 4
km de largura, a ilha de Manhattan, centro de Nova York, é
menor que vários bairros de
São Paulo, como o Butantã.
Sem espaço, o miolo mais rico
da cidade mais rica do país mais
rico do mundo tem de crescer
para cima e para dentro.
Para cima não dá mais: a silhueta já está totalmente tomada por arranha-céus. Resta
crescer para dentro, na revitalização de bairros em que antes
não havia investimentos públicos nem privados. Com aluguéis médios de US$ 3.000 (R$
6.400) para apartamentos de
um quarto e a oferta sensivelmente menor que a demanda, é
preciso buscar novas áreas.
É o caso do Harlem, o primeiro bairro negro dos EUA. Hoje,
não mais. Imigrantes hispânicos e africanos, estudantes e
gays de baixa renda (os gays de
classe média ficam no Chelsea)
tomaram a região, novo filão de
corretores e imobiliárias.
As cercanias da rua 125 passaram por uma série de revitalizações, batizadas de "Harlem
Renaissance". Para se traçar
uma idéia da precariedade da
região (nada comparado às favelas brasileiras, mas uma realidade contrastante dos ricos
vizinhos Upper East e Upper
West Sides), em abril deste ano,
a "Harlem Lanes" foi a primeira casa de boliche a ser aberta
no bairro. Outro empreendimento foi a reabertura do teatro Apolo, fechado na década de
70, em plena crise de criminalidade da cidade.
Um dos principais pontos do
projeto de revitalização da Nova York hoje é o povoamento de
Downtown e do Financial District. "Não como Wall Street,
mas como o West Village [bairro freqüentado por artistas e jovens]", diz Amanda Burden, secretária de planejamento da
prefeitura.
"Lower Manhattan é a região
que mais cresce na cidade neste
momento. São 23 mil moradores que passarão para 46 mil
em dois anos, o dobro. Em
2030 serão 80 mil. Nem toda
cidade de médio porte dos EUA
tem tanta gente", conta Andrew Alper, da Economic Development Corporation.
Só a Lower Manhattan Development Corporation, agência
criada dias após o 11 de Setembro pelo governador George
Pataki e pelo então prefeito Rudolph Giuliani para coordenar
a reconstrução do centro, cedeu US$ 38 milhões para recapeamento de calçadas e arborização da região.
Outro bairro antes abandonado e "redescoberto" há alguns anos por corretores é Alphabet City, zona do East Village que tem esse nome por conta
das avenidas A, B, C e D, entre
as ruas 14 e Houston.
O que já abrigou imigrantes
do leste europeu, foi berço do
punk na década de 80 e era paraíso de traficantes e consumidores de drogas virou área "in"
da cidade, repleta de bares, casas noturnas e grifes de moda.
Hell's Kitchen, ou "Cozinha
do Inferno", região por trás da
rodoviária, seguiu o mesmo
exemplo.
O erro de Tribeca
A especulação imobiliária de
Manhattan também traz erros.
Um deles foi Tribeca. O nome
do bairro deriva de "Triangle
Bellow Canal Street" ("triângulo abaixo da rua Canal", numa
tradução literal).
Lá moram o ator Robert De
Niro, as modelos brasileiras
Raica Oliveira e Gisele Bündchen e as atrizes Sônia Braga e
Nicole Kidman, entre outras
estrelas e candidatas a estrela.
A moda levou os bilionários
que tinham vista para o Central
Park para o Battery Park. Foi
questão de tempo. Sem infra-estrutura (em 20 quadras há
apenas dois caixas eletrônicos e
duas farmácias), os endinheirados fizeram o caminho de volta.
(VQG)
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