|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Atropelamento reacende hostilidade a Kirchner
Ex-funcionário da Província de Santa Cruz atingiu manifestantes de oposição
Motorista diz ter se sentido ameaçado; incidente ocorreu enquanto primeira-dama fazia comício na cidade natal do marido
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
O presidente da Argentina,
Néstor Kirchner, ficou cinco
meses sem ir à sua cidade natal,
Río Gallegos, onde se lançou à
política, à espera de que se acalmasse a conflituosa situação
iniciada com uma greve de professores no começo deste ano.
Seu retorno, porém, reacirrou
os ânimos na capital da Província de Santa Cruz, cada vez
mais hostil ao kirchnerismo.
Enquanto a primeira-dama,
Cristina Fernández de Kirchner, candidata a suceder o marido, fazia um comício em clube
da cidade, na noite da última
sexta-feira, Daniel Varizat, ex-subsecretário-geral da Presidência, atropelou 17 manifestantes que protestavam contra
a visita dos Kirchner, deixando
cinco deles gravemente feridos.
Varizat, já detido, diz que
agiu em legítima defesa -tinha
medo de ser morto. Os manifestantes, porém, asseguram
que o ex-subsecretário atropelou seus colegas de propósito.
Varizat também foi, até maio
deste ano, secretário de Governo da Província de Santa Cruz e
é visto pelos sindicalistas como
um dos principais incentivadores de uma repressão policial
que deixou 23 pessoas feridas
numa passeata em maio.
O kirchnerismo agiu para se
distanciar rapidamente do ato
de Varizat -enquanto o presidente e a primeira-dama partiram para sua casa em El Calafate, no interior da Província, o
governador Daniel Peralta qualificou de "irracionalidade" o
ato do ex-funcionário.
Mas Río Gallegos voltou a ver
manifestações contra Kirchner
que incluíram pichações e a
destruição de janelas no palácio do governo da Província.
Páreo perdido
A crescente hostilidade contra Kirchner e seus aliados faz
com que o governo dê por perdida a cidade de Río Gallegos,
que representa 40% dos votantes de Santa Cruz. A incerteza
eleitoral levou o presidente a tirar do páreo pelo governo sua
irmã e ministra, Alicia Kirchner (Desenvolvimento Social),
impulsionando a candidatura
de Peralta. O kirchnerismo pode ficar pela primeira vez sem o
governo desde 1991. A importância de Santa Cruz é mais
simbólica que eleitoral -seus
cerca de 130 mil eleitores representam apenas 0,5% do total do eleitorado argentino.
O reacendimento do conflito
em Santa Cruz -além dos protestos, os sindicatos de Río Gallegos convocaram uma paralisação geral para amanhã- é
mais um obstáculo para as pretensões eleitorais de Cristina,
já abaladas por escândalos como o caso da mala com US$ 790
mil com a qual o venezuelano
Guido Antonini Wilson, acompanhado por funcionários dos
governos Chávez e Kirchner,
tentou entrar na Argentina.
Duas pesquisas divulgadas
ontem pelo "Clarín", porém,
mostram Cristina com mais de
45% das intenções de voto.
Texto Anterior: Uribe e Amorim fazem visita a Alan García Próximo Texto: EUA pressionam Musharraf a dividir poder Índice
|