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EUROPA
Ministro da Justiça autoriza recurso contra libertação do ex-colaborador nazista Maurice Papon, 92, solto anteontem
Governo francês quer Papon de volta à prisão
DA REDAÇÃO
O governo da França anunciou ontem que vai buscar meios de mandar do ex-colaborador nazista Maurice Papon, 92, de volta à prisão. Condenado em 1998 a dez anos de cadeia, Papon deixou anteontem sua cela na penitenciária
de La Santé, em Paris, por "motivos de saúde", o que causou vários protestos no país.
O ministro da Justiça da França, Dominique Perben, deu permissão para que fosse apresentado um recurso contra a decisão de libertar Papon. O primeiro-ministro da França, Jean-Pierre Raffarin, manifestou seu apoio a Perben e disse que o presidente Jacques Chirac compartilhava da mesma opinião. Chirac lamentou
a libertação de Papon.
Ex-funcionário do regime de Vichy, que colaborou com os nazistas durante parte da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Papon foi condenado em 2 de abril
de 1998 a dez anos de prisão por envolvimento na deportação de mais de 1.500 judeus da França.
O tribunal de apelações de Paris o liberou por causa de seu estado de saúde, considerado "incompatível com a detenção". Papon sofre de problemas cardíacos e implantou um marca-passo há dois anos.
Sob os termos de uma nova lei sobre a proteção dos idosos, o tribunal de apelações de Paris decidiu que não tinha outra opção a não ser ordenar a libertação de Papon.
O tribunal determinou que Papon tem de morar em sua casa em Gretz-Armainvilliers, subúrbio de Paris, e tem de manter a Justiça
informada sobre viagens ou uma eventual hospitalização.
Protestos
Papon passou o primeiro dia de liberdade sob proteção policial em Gretz-Armainvilliers, onde grupos judaicos organizaram protestos e leram os nomes dos judeus deportados com a ajuda de Papon.
O julgamento de Papon durou seis meses em 1997 e 1998 -o mais demorado do pós-guerra na França. Perto do final, Papon fez um pedido de desculpas frio, mas, durante quase todo o julgamento, manteve-se firme em sua linha de
defesa.
Disse que não tivera outra escolha senão cumprir as ordens do
governo de Vichy, que fizera o possível para salvar o maior número possível de judeus e que não tivera idéia, na época, de que os trens carregados de pessoas detidas, que rumavam inicialmente para o norte da França, tinham como destino último os campos de extermínio.
O tribunal aceitou sua defesa em relação a esse último ponto, de modo que Papon foi considerado inocente da acusação de assassinato. Mas foi julgado culpado de
""cumplicidade em crimes contra a humanidade".
As provas documentais indicavam que Papon, na época o subprefeito da região de Bordeaux, fez pouco para ajudar os judeus.
Papon, ex-ministro do governo de Valéry Giscard d'Estaing (1974-1981), permaneceu em liberdade durante todo o processo.
Com agências internacionais
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