São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 2002

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COSTA DO MARFIM

Tentativa de golpe mata ao menos 19

DA REDAÇÃO

Forças da Costa do Marfim reprimiram uma tentativa de golpe ontem durante uma visita do presidente ao exterior, tendo conseguido conter os insurgentes após horas de tiroteios e explosões em Abidjã que deixaram o ministro do Interior morto.
O general Robert Guei, ex-chefe da junta militar que governou o país em 1999 e acusado pelo atual governo de liderar o motim, e pelo menos dez rebeldes e sete policiais paramilitares morreram. Segundo autoridades, policiais paramilitares leais ao governo mataram o ex-líder militar. De acordo com testemunhas, havia diversos cadáveres nas ruas de Abidjã.
"Posso assegurar a vocês que desde as 6h de hoje [3h em Brasília] o Exército tem tudo sob controle", disse o ministro da Defesa, Lida Moise Kouassi, na TV estatal na tarde de ontem, na primeira transmissão do canal depois de um dia de combates.
"Forças leais venceram", afirmou o presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, em Roma, onde estava em visita oficial. Gbagbo disse que voltaria hoje para a Costa do Marfim.
Kouassi afirmou que as Forças Armadas do país haviam sido mobilizadas em todo o país para conter a insurreição. Segundo ele, o motim foi totalmente reprimido, "exceto em alguns bolsões de resistência" nas cidades de Bouake e Korhogo. O governo impôs um toque de recolher até terça.
De acordo com o ministro da Infra-Estrutura, Patrick Achy, o ministro dos Esportes ainda estava nas mãos de rebeldes em Bouake ontem à noite.
O governo de Gbagbo, que foi eleito presidente em 2000, tem lutado para acalmar militares insatisfeitos e tensões étnicas e políticas remanescentes do primeiro golpe na história do país, em 1999, que levou Guei ao poder. O ex-chefe militar perdeu seu cargo durante as eleições no ano seguinte, tendo sido acusado de tentar fraudar os resultados do pleito.
Um número indeterminado de membros do Exército estiveram envolvidos no motim de ontem. Diplomatas afirmaram no início dos ataques que entre 700 e 800 soldados haviam se rebelado.
Os insurgentes iniciaram seus ataques às cerca de 3h, tendo como alvo as residências do presidente e dos ministros do Interior e da Defesa, instalações militares e outros locais em Abidijã.
O ministro do Interior foi morto, disse o assessor da Presidência Alain Toussaint, em Roma.
Guei foi morto quando a polícia abriu fogo em seu veículo no centro de Abidjã depois que seu motorista não parou em uma blitz, disse o sargento Ahossi Aime.


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