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Governo israelense estuda plano
de separação física dos palestinos
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
O primeiro-ministro israelense,
Ehud Barak, e seus assessores militares discutiram ontem um plano radical para fechar definitivamente as áreas sob administração
palestina.
Uma autoridade palestina disse
que a idéia era "racista" e que faria
a população viver em encraves
economicamente inviáveis.
Fontes do governo israelense revelaram que Barak, altos funcionários do Ministério da Defesa e
comandantes militares debateram propostas de "separação unilateral". O assunto seria retomado
na próxima semana.
Alguns israelenses têm sugerido, há anos, que o governo cerque
os centros populacionais palestinos e, assim, ponha uma "tampa"
sobre o conflito.
Se não houver paz após os recentes confrontos, a sugestão poderá ser acatada logo.
Segundo o plano, o fluxo de pessoas da faixa de Gaza e da Cisjordânia em direção a Israel teria redução drástica, assim como as
transações comerciais.
Uma fonte ligada ao governo
afirmou que essa idéia, apoiada
pela cúpula do aparato de defesa,
prevê a construção de cercas ao
redor das porções de terra controladas pela Autoridade Nacional
Palestina, instalação de minas e
tanques de guerra nas fronteiras.
"Os palestinos seriam espremidos num sanduíche formado pelo
Exército israelense e depois fatiados", explica a fonte.
A separação seria o último recurso. Mas a proposta deixou
alarmados os líderes palestinos,
que temem um golpe mortal sobre a economia das áreas palestinas e sobre o processo de paz.
"Se não conseguirmos proteção
internacional e Israel seguir
adiante com o plano de separação
unilateral, o conflito passará por
um processo semelhante ao vivido no Líbano", diz, em alusão a
um possível confronto entre milícias, Mahdi Abdul Hadi, chefe do
Passia, respeitado instituto palestino de estudos sobre relações internacionais.
Outro receio comum entre líderes e estudiosos palestinos é que a
medida impeça a recuperação total dos territórios ocupados por
Israel na guerra de 1967.
O ministro palestino da Informação, Iasser Abed Rabbo, afirma que a divisão da Cisjordânia
em encraves tornaria a vida dos
palestinos "um inferno". "É uma
espécie de declaração de guerra."
Rabbo diz que Israel decidiria
sozinho quais estradas os palestinos poderiam utilizar. "Haveria
estradas para palestinos e outras
para israelenses, como vimos na
África do Sul. Isso é racismo."
"Nunca aceitaremos isso. Pediremos ao nosso povo que lute por
cada rua, por cada estrada. Mas
nunca nos submeteremos a um
plano que possa destruir nossas
vidas", diz Rabbo.
Nachman Shai, porta-voz do
governo de Israel, disse ontem
que a separação seria considerada
se o processo de paz fosse extinto
e a violência continuasse. "Nenhuma decisão foi tomada, mas
há estudos sobre essa opção."
Shai não quis dar detalhes de
como Israel colocaria em prática
o plano, mas afirmou: "Ele significa que o número de pessoas que
atravessam a fronteira de Israel
será pequeno. O mesmo para o
nível de comércio entre Israel e
palestinos". Dezenas de milhares
de palestinos entram diariamente
em Israel para trabalhar.
A fonte ligada ao governo diz
que o plano foi inicialmente concebido como reação a uma eventual declaração unilateral de um
Estado palestino em Gaza e Cisjordânia.
Mas, provavelmente, só seria
implementado se Barak formasse
um "governo nacional de emergência". Apenas uma coalizão
ampla poderia lhe dar o respaldo
político necessário para lidar com
os colonos judeus que vivem nos
assentamentos.
Algumas dessas colônias teriam
de ser desativadas. Outras talvez
necessitariam de campos minados e bloqueios rodoviários como
proteção.
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