São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 2000

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Tanques ainda circulam em áreas de Gaza

DO ENVIADO ESPECIAL

Diversos tanques circulavam pela faixa de Gaza ontem, especialmente nas regiões onde há assentamentos judaicos.
Logo à entrada de Gaza, perto da colônia de Nissanit e da aldeia palestina de Bet Hanun, jovens lançavam pedras contra soldados israelenses, que respondiam com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Ghaleb, 15, que lançava pedras contra um posto militar israelense no local, diz que "o acordo de Sharm al Sheikh não vai nos impedir de continuar a exigir a retirada do Exército e das colônias judaicas de nossa terra".
Nas ruas da faixa de Gaza, havia poucas pessoas. A praia e os hotéis estavam praticamente vazios.
"Faltam leite, farinha e vários outros produtos aqui. Esperamos que essa abertura gradual da fronteira permita nosso reabastecimento", afirma Aiman, dono de uma loja na capital. Os enfrentamentos se concentram na região em torno da cidade de Gaza onde estão as colônias judaicas.
O aeroporto de Gaza foi reaberto ontem. Aviões partiram para o Egito, a Jordânia e a Rússia.

Menino palestino
Na casa de Muhammad al Dura, que se tornou um símbolo da nova Intifada (levante popular), o avô dele, Muhammad, diz que estava na Jordânia quando viu pela TV a morte do menino nos braços do pai. "Não conseguia acreditar na tragédia", afirma, no campo de refugiados de Al Brej.
Alguns dos seis irmãos de Muhammad viajariam hoje para Amã para visitar o pai, Jamal, que recebe tratamento médico na cidade. Os sete irmãos costumavam dormir num quarto de 8 m2.
"Jamal trabalhava havia 20 anos com um patrão israelense. Quando ele ficou sabendo o que houve, disse que estava disposto a pagar o tratamento, mas nós preferimos recusar", diz o avô.
No local onde Muhammad morreu, diante do cruzamento de Netzarim, palestinos ergueram um memorial com bandeiras pretas e flores. Um homem que passava por ali disse que percorre quatro quilômetros com as filhas para levá-las à escola (perto do cruzamento) por causa dos bloqueios. (PDF)


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