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China intensifica censura na internet
Congresso do PC, que termina amanhã, provoca restrição ainda maior do que a usual do acesso a sites de informação
Censura na rede contrasta com expansão de usuários no país, que já tem o segundo maior número de internautas do mundo
CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM
Acessar informações via internet na China ficou especialmente difícil durante o 17º
Congresso do Partido Comunista, que começou na segunda-feira e termina amanhã.
O grau de censura online está
bem maior que o praticado normalmente, mesmo durante
eventos importantes, e sites como o do "New York Times" e da
"BBC" não podem ser abertos.
O Youtube foi bloqueado e nenhuma consulta à Wikipedia
era possível, ainda que tratasse
de algo tão inofensivo como a
dinastia Tang (618-906).
E-mails com links para conteúdos "sensíveis" também não
eram abertos. Esta repórter recebeu a publicação "China
Brief", da norte-americana Jamestown Foundation, mas não
conseguiu ler nenhuma das
análises, duas das quais relacionadas ao congresso do PC. A
página estava bloqueada.
O padrão adotado pela censura chinesa em anos recentes
permitia a abertura de páginas,
mas bloqueava determinados
itens considerados sensíveis.
Era possível abrir a página do
"New York Times", mas não
uma reportagem sobre separatismo no Tibete, por exemplo.
No congresso em que o presidente Hu Jintao defendeu o
conceito de sociedade harmoniosa, os censores se encarregaram de impedir o acesso a informações que possam afetar a
percepção do público sobre discussões em andamento.
O partido também decidiu
manter distantes os milhares
de corredores que estarão amanhã na Maratona de Pequim. O
tradicional ponto de partida, a
praça Tiananmen, foi substituído pelo longínquo Centro
Nacional Olímpico. A idéia de
ter milhares de pessoas em
frente ao Grande Palácio do Povo, onde ocorre o congresso, e
em um lugar emblemático como Tiananmen, era arriscada.
A censura e o rápido crescimento da internet são uma das
maiores contradições do país. A
China já tem 162 milhões de
pessoas online, o maior número depois dos Estados Unidos.
É possível ver um número
crescente de jovens com seus
laptops nos cafés que oferecem
conexão sem fio e o governo
acaba de lançar um programa
para aumentar a presença da
internet na zona rural.
A expansão é acompanhada
por um exército de censores,
estimado em 30 mil. Há programas que bloqueiam o acesso a
páginas por meio de palavras-chave e, para tentar contornar,
os chineses utilizam expressões cifradas para se referir aos
temas tabu, como democracia.
A ironia é que a expansão da
internet e o suposto maior
acesso à informação fazem parte da propaganda oficial.
Ontem, um dos textos do site
de divulgação das atividades do
congresso falava de uma delegada, Long Feifeng, 29, cujo sonho é ter um carro próprio do
qual possa navegar em seu laptop. Long ainda não tem o carro, mas pode "usar seu computador para se comunicar com o
mundo exterior de sua cidade
natal", dizia o texto.
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