São Paulo, terça-feira, 20 de novembro de 2001

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EUA acusam Iraque de ter arsenal biológico

DA REDAÇÃO

Os EUA disseram ontem suspeitar que Iraque, Coréia do Norte, Irã, Líbia, Síria e Sudão tenham desenvolvido armas biológicas e que algum desses países esteja ajudando a rede terrorista de Osama bin Laden a obter esse tipo de arma. O Iraque disse que os EUA estão buscando um pretexto para atacar Bagdá.
"A existência do programa iraquiano (de arsenal biológico) é inegável", disse o subsecretário americano de Controle de Armas e Segurança Internacional, John Bolton, no início de uma conferência dos 144 países signatários da convenção de 1972, da ONU, sobre armas biológicas.
A conferência de três semanas foi organizada em Nova York para obter um acordo internacional que reforce a legislação contra a produção e armazenamento de armamentos biológicos.
Além do Iraque, da Coréia do Norte e do Irã, países contra os quais os EUA têm fortes suspeitas, Bolton disse que a Síria e a Líbia podem ter condições de produzir pequenas quantidades de armas biológicas, enquanto o Sudão expressou forte interesse em desenvolver um programa desse tipo. Síria e Sudão não assinaram a convenção da ONU.
O Iraque rechaçou imediatamente a acusação, dizendo que Washington está buscando um pretexto para atacar Bagdá. Condoleezza Rice, conselheira do presidente George W. Bush em questões de segurança nacional, deixou aberta anteontem a possibilidade de os EUA virem a atacar o Iraque.
Fontes diplomáticas disseram que as acusações de Washington contra os seis países podem acirrar os ânimos na conferência, dificultando um acordo para a implementação de novas medidas contra o arsenal biológico.
A conferência da ONU, a sexta realizada até agora para rever a Convenção de Armas Biológicas, está examinando um novo protocolo proposto para facilitar a verificação do cumprimento do acordo de 1972.
Tratados de controle de armas firmados nos anos 90 para banir armamentos químicos e testes nucleares subterrâneos contam com regimes de inspeção rigorosos, mas o pacto contra armas biológicas ainda não tem mecanismos de inspeção.
Os EUA rejeitaram o novo protocolo - resultado de mais de cinco anos de negociações- num encontro preparatório em julho, dizendo que esse tipo de controle abriria os centros de pesquisa industrial e militar americanos a olhos espiões estrangeiros sem qualquer garantia de que as regras do pacto estariam sendo cumpridas por outras nações.
Embora os EUA tenham sido duramente criticados por bloquear o protocolo, Bolton insistiu, na conferência, que o novo plano de inspeções seria ineficiente.
Com os EUA ainda abalados pelos ataques com antraz ocorridos após os atentados terroristas de 11 de setembro, o representante americano disse que o primeiro passo para banir esse tipo de arma é fazer com que as leis existentes sejam cumpridas.
Bolton apresentou alternativas para tornar a convenção mais rígida. Washington quer que o secretário-geral da ONU receba poderes para ordenar inspeções apenas quando houver suspeitas de violação do tratado.
Ele também pediu que os países signatários imponham penas severas contra quem violar o acordo e facilitem a extradição de suspeitos.
Os primeiros países a falar na conferência, entre eles China, Rússia e Canadá, manifestaram apoio a um acordo multilateral a ser cumprido por todos. O Japão também considera que inspeções obrigatórias sejam necessárias para a eficácia do tratado.
Algumas organizações não-governamentais acusaram Washington de estar protegendo sua indústria farmacêutica e biotecnológica, que teme a espionagem industrial.


Com agências internacionais



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