São Paulo, terça-feira, 20 de novembro de 2001

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CRISE EM NY

Empresas optam por deixar a área dos ataques de 11 de setembro, que também perde moradores

Região dos atentados enfrenta recessão

CHARLES V.BAGLI
DO "THE NEW YORK TIMES"

A recuperação de Baixa Manhattan, iniciada no final dos anos 90, está em processo de reversão. Seis edifícios, totalizando 1,25 km2, foram destruídos nos ataques de 11 de setembro, quando mais de 4.500 pessoas morreram. Entretanto, os prédios que restaram não foram ocupados. Há mais escritórios vazios hoje na região do que antes do ataque.
Como resultado, restaurantes, lojas e pequenos negócios estão reclamando que os executivos que antes enchiam as ruas desapareceram. E moradores da região próxima ao World Trade Center estão fugindo.
De acordo com a imobiliária Newmark & Company, há cerca de 1 km2 de área vaga para escritórios em Baixa Manhattan. Até 49% dessa área ficou disponível depois dos atentados. Quase metade desse espaço é decorrente de demissões feitas pelas empresas ou porque elas se mudaram para uma região mais central, para Brooklyn ou para os subúrbios.
"Não há grandes incentivos para trabalhar em Baixa Manhattan hoje porque a rede de transporte não está funcionando", afirma Jonathan Litt, analista imobiliário da Salomon Smith Barney.
Ninguém acredita que Nova York vá deixar de ser o centro financeiro internacional. Entretanto, o ataque acelerou a dispersão de instituições financeiras de Baixa Manhattan para o centro da cidade e para Jersey City.
Antigos locatários como Empire Blue Cross e Blue Shield decidiram transferir suas operações e seus 1.900 funcionários para Brooklyn e Midtown. A torre dos Lehman Brothers, que sofreu avarias no ataque, decidiu mudar a maior parte de suas operações para um novo arranha-céu quase pronto em Midtown.
É com essa perspectiva que o governador George E. Pataki está colocando a Corporação de Desenvolvimento de Baixa Manhattan para canalizar recursos federais e estaduais para a revitalização de Baixa Manhattan, não apenas para o local dos ataques.
O Escritório de Orçamento Independente da cidade estima que a renda da cidade vá sofrer queda de US$ 925 milhões neste ano e até US$ 1,8 bilhão em 2002, devido a demissões, queda nos lucros de Wall Street e à perda do imposto recolhido nos edifícios.
Entretanto, ainda não está claro quanto dinheiro federal irá chegar até Nova York. A Casa Branca e o Congresso repassaram apenas US$ 9,2 bilhões de US$ 20 bilhões prometidos.
Os problemas que a Baixa Manhattan enfrenta hoje estão moldando o debate sobre como a região deverá ficar no futuro.
Nos dias logo após o ataque, muitos projetistas e autoridades da cidade argumentaram que, se seis torres haviam sido destruídas, então seis novas torres deveriam ser construídas imediatamente, com subsídios governamentais para estimular a indústria de construção.
Mas logo ficou claro que há pouca demanda para novos escritórios. Ao menos a curto prazo, dizem os agentes imobiliários, qualquer empresa que queira se expandir ou mudar para a Baixa Manhattan, onde o aluguel é mais barato do que em Midtown, pode alugar espaços vagos em prédios já existentes.
Alguns analistas acreditam que agora é mais importante corrigir problemas mais duradouros da região e tornar a área mais atraente para turistas e moradores.


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