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VISITA DE ESTADO
Primeiro ato contra viagem de Bush ao Reino Unido reúne 600 pessoas no ápice; organização espera 100 mil hoje
Número de policiais se iguala ao de ativistas
MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES
Protestos pacíficos e bem-humorados em Londres marcaram
o começo da visita oficial do presidente dos EUA, George W.
Bush, ao Reino Unido. Mas até
mesmo os manifestantes achavam difícil que Bush tenha ouvido
ou visto os atos, embora tenham
feito um protesto barulhento e
com cartazes a cerca de cem metros dos portões do Palácio de
Buckingham.
Os manifestantes conseguiram
passar pelo cordão policial em
Trafalgar Square e começaram a
correr na avenida The Mall, que
leva até o palácio. A polícia acabou permitindo que eles se reunissem perto do monumento à
rainha Vitória, diante do palácio.
"Bush provavelmente não nos
vê, mas pode ser que alguns de
seus eleitores nos vejam aqui,
protestando", disse a enfermeira
Rebecca Dael, 29, que segurava
um cartaz com a foto de Bush e a
inscrição "Dê o fora".
Em nenhum momento parecia
haver risco de a manifestação sair
do controle dos policiais, cujo número se equiparava ao dos 600
manifestantes que, segundo os
organizadores, se reuniram ontem no momento de maior concentração diante do palácio.
Hoje, porém, a organização
Stop the War (pare a guerra) estima que mais de 100 mil pessoas
devam participar da passeata que
vai terminar em Trafalgar Square,
onde os manifestantes vão derrubar uma estátua de Bush feita de
papel machê, parodiando a derrubada de uma estátua de Saddam Hussein em Bagdá, pelos
americanos, em abril.
Ontem, foram detidas 22 pessoas, a maioria por delitos menores -um dos ativistas tentou roubar o capacete de um policial.
Os protestos começaram com a
imitação de um desfile real, com
uma carruagem carregando dois
manifestantes passando-se por
Bush e pela rainha Elizabeth 2ª.
Depois de passearem pelas ruas,
os manifestantes de diversos grupos acabaram se reunindo em
frente ao Palácio de Buckingham.
"Voto no Partido Conservador
[oposição], sou um pequeno empresário, mas vim aqui porque
Tony Blair [primeiro-ministro
britânico] entregou nossa soberania", disse Steven Bartlett, que estava participando de um protesto
pela primeira vez. "A maioria neste país foi contra a guerra, mas
Blair não ouviu, e agora parece
que somos parte dos EUA."
Para Bartlett, a alegada afinidade entre Reino Unido e EUA, por
causa das ligações históricas e culturais, está em xeque. "Quando as
pessoas pensam que o poder dos
EUA é benevolente, é só olhar o
que os republicanos americanos
fizeram na América Latina, com
todos os generais que assumiram
o poder", afirmou.
A poucos metros do empresário, destacava-se a figura de Tim
Clennon, um americano vestido a
caráter, com chapéu de caubói,
botas e roupas típicas, carregando
um cartaz inspirado no filme "E o
Vento Levou", com Bush no lugar
de Clark Gable e a assessora de Segurança Nacional da Casa Branca,
Condoleezza Rice, no lugar de Vivien Leigh. No cartaz estava escrito: "Eles lhe venderam uma guerra; agora, adivinhe quem vai pagar por ela?".
"Sou do Arizona e essas são minhas roupas", disse Clennon, que
veio da Suíça para participar das
manifestações. "Estou aqui para
protestar, porque estamos em
uma situação muito perigosa,
com a ameaça de guerras preventivas espalhadas pelo mundo",
afirmou, sem querer muita conversa. "Como vou saber se você
não é da CIA?"
A poucos metros, um grupo de
12 pessoas fantasiadas de palhaço
organizou um dos momentos
mais bem-humorados do protesto. Eles disseram fazer parte do
"Exército de Palhaços Rebeldes
Insurgentes e Clandestinos". Recitaram um discurso contra a visita, em "defesa da honra dos palhaços e dos bobos da corte, pois,
pela primeira vez em mais de 500
anos, um deles voltou à corte".
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