São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SUCESSÃO NOS EUA / GUERRA SEM LIMITES

Al Qaeda insulta e ameaça Obama

Número dois da rede terrorista chama presidente eleito de "escravo de brancos" e pede ataques aos EUA

Para analistas, mensagem exibe desamparo ideológico do grupo ante a expectativa de que democrata melhore imagem dos EUA no mundo

DA REDAÇÃO

O número dois na hierarquia da rede terrorista Al Qaeda, Ayman al Zawahiri, afirmou em gravação de áudio divulgada ontem na internet que o presidente americano eleito, Barack Obama, é um "escravo negro a serviço dos brancos".
O pronunciamento foi o primeiro da Al Qaeda após a eleição presidencial nos EUA, no dia 4 de novembro, e aparentemente visava convencer os muçulmanos de que Obama não mudará as políticas americanas no Oriente Médio.
"Obama é o exato oposto de negros americanos honrosos como Malcolm X", diz a gravação, numa referência a um dos líderes do movimento negro nos EUA nos anos 60, que era muçulmano.
As críticas a Obama se estendem ao ex-secretário de Estado Colin Powell (2000-04) e à sua sucessora, Condoleezza Rice. Zawahiri compara os três "àqueles escravos negros que viviam na casa grande e gozavam de mais privilégios que os [escravos] do campo".
No áudio, o sub de Osama bin Laden se dirige diretamente ao presidente americano eleito -cujo pai era queniano- e o condena por ter supostamente renegado suas ascendência islâmica. "Você nasceu de um pai muçulmano, mas escolheu ficar do lado dos inimigos do islã", diz Zawahiri. O pai de Obama, já morto, era ateu, mas sua família, muçulmana.
Ele insistiu em que "a nação islâmica recebeu com amargura a posição [de Obama] sobre Israel". Em visita a Jerusalém na campanha, o democrata prometeu manter a estreita relação entre a Casa Branca e Israel e descartou pressionar os israelenses a fazerem concessões de paz que "comprometam sua segurança". Obama também disse que Jerusalém era indivisível.
Zawahiri exortou os muçulmanos a "continuarem fazendo o mal" aos EUA e previu o fracasso da política de reforço de contingente prometida por Obama no Afeganistão, país que o democrata considera prioritário na guerra ao terror.
Para especialistas, a voz da gravação é provavelmente de Zawahiri e reflete o desamparo ideológico da Al Qaeda sob a expectativa de que Obama melhore a imagem dos EUA.
Segundo Bruce Hoffman, da Universidade Georgetown, Zawahiri está tentando manter aceso o ódio antiamericano de parte dos muçulmanos. "Ele está dizendo: "não acreditem nessa história de mudança, temos que combater com a mesma firmeza de antes'", comenta.
Washington afirmou que os comentários são "depreciáveis" e provam que a Al Qaeda ainda ameaça os EUA.
Relatório do serviço secreto americano divulgado no início do ano afirma que a Al Qaeda, responsável pelo 11 de Setembro, ampliou sua capacidade de atacar o país, apesar de ter sofrido reveses como a captura e morte de líderes. O documento aponta ainda o Paquistão como atual "santuário" da organização. Dias atrás, a CIA disse que a rede opera hoje sem Bin Laden, que estaria isolado e focado em sobreviver.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Americanas
Próximo Texto: AIEA diz ter achado urânio em instalação da Síria
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.