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UE escolhe belga para ser seu 1º presidente
Premiê Herman Van Rompuy é escolhido por consenso, deixando para trás nomes mais fortes, como o britânico Tony Blair
Mandato é de dois anos e meio e pode ser renovado; bloco elege ainda Catherine
Ashton, do Reino Unido, para ser a sua chanceler
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
A União Europeia escolheu o
belga Herman Van Rompuy para ser seu primeiro presidente
permanente e a britânica Catherine Ashton como sua chanceler. Os dois tomarão posse no
próximo dia 1º, quando os cargos serão criados com a entrada
em vigor do Tratado de Lisboa,
novo estatuto do bloco.
Van Rompuy, centro-direitista e atual premiê da Bélgica,
deixou para trás nomes de mais
peso como o ex-premiê britânico Tony Blair e o ex-chanceler
sueco Carl Bildt.
O mandato é de dois anos e
meio, com possibilidade de
uma reeleição.
A escolha de Van Rompuy
pelos líderes dos 27 países do
bloco, em uma eleição informal
na noite de ontem em Bruxelas,
coroa três semanas de discussões e debates nas quais o consenso, segundo relatos feitos
por diplomatas à mídia europeia, só emergiu no final.
A discrição e a projeção política restrita do belga, sem fatos
demasiado desabonadores no
currículo, ajudaram-no. Mas
definitivo foi o apoio da França
e da Alemanha, as duas maiores
potências da Europa continental, sobretudo por sua visão
contrária à expansão do bloco.
A eleição resulta também do
intricado jogo de forças políticas no bloco, que dificultou a
opção por um nome de esquerda, e da ausência de candidatos
de países maiores. Entre as
duas dezenas de nomes aventados, afora Blair e Bildt, os principais concorrentes de Van
Rompuy vinham de seus vizinhos Holanda e Luxemburgo.
Foi esse mesmo jogo político
que garantiu no último momento a cadeira de chanceler à
baronesa britânica Catherine
Ashton, 53, atual comissária da
UE para comércio e até então
um nome fora da lista.
Sendo ela esquerdista e mulher, a escolha parece uma tentativa de posicionar dois grupos
relegados na disputa presidencial -a única mulher citada para o cargo foi a ex-presidente
letã Vaira Vike-Freiberga.
A ascensão de Ashton também contenta os britânicos, decepcionados pela rejeição a
Blair e partidários da ideia de
que a UE precisava de um presidente com um nome mais
forte para tentar recuperar seu
peso geopolítico ante os Estados Unidos e a China.
O mandato será de cinco
anos, após o aval do Parlamento Europeu (dado como certo).
À frente de uma entidade de
caridade do governo nos anos
80, ela galgou degraus até ser
nomeada presidente da Câmara dos Lordes (Câmara Alta britânica) em 2007, onde se projetou pela firmeza de posições.
Agora, caberá a Ashton coordenar um orçamento de 50
bilhões em três anos, um exército diplomático que contará
com 7.000 pessoas até 2013 e
será encarregado de abrir as
primeiras embaixadas da
União Europeia no mundo.
Não se sabe contudo qual será a "cara" da UE no mundo -
o Tratado de Lisboa não esclarece. Analistas avaliam que o
presidente possa ser suplantado pela chanceler, que terá o
controle sobre a política externa e de defesa do bloco. Caberá
a Ashton ainda ser a porta-voz
das posições europeias em organismos internacionais.
O estatuto prevê como tarefas do presidente (na certidão,
presidente do Conselho Europeu, que reúne os 27 chefes de
Estado e de governo) buscar a
coesão e o consenso do bloco,
relatar ao Parlamento o teor
das cúpulas e representar a UE
em questões de segurança e política externa, mas sem interferir no trabalho da chanceler.
A delicada questão da ampliação do bloco continua nas
mãos da Comissão Europeia.
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