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Portugal dá adeus
"aliviado" à colônia
RICHARD WADDINGTON
da "Reuters", em Lisboa
Portugal deu um adeus aliviado
a Macau, sua última possessão ultramar, enquanto o pequeno território na costa sudeste da China
voltava para Pequim.
Depois do trauma que envolveu
a saída de Portugal de suas colônias na África em meados da década de 70, o país se sente satisfeito por ter, pelo menos desta vez,
saído com a cabeça erguida.
"Com o orgulho do dever cumprido", foi como o presidente
português, Jorge Sampaio, descreveu o que sentia aos jornalistas
que o acompanhavam.
"Portugal fez um ótimo trabalho na última década", disse em
editorial o "Diário de Notícias",
jornal de Lisboa, referindo-se às
negociações com Pequim para a
entrega do território.
Os quase 430 mil habitantes de
Macau, em sua maioria absoluta
chineses, terão amplos poderes
para se autogerirem, poderes similares àqueles dados a Hong
Kong, quando a ex-colônia britânica voltou para a China há dois
anos e meio.
Autoridades portuguesas dizem
que estão confiantes que a China
honrará seu compromisso de permitir a Macau, um local turístico e
de jogo, manter seu estilo de vida,
mesmo que seja apenas para Pequim testar seu princípio de "um
país, dois sistemas".
O principal objetivo dessa fórmula é convencer Taiwan de que
pode um dia se unir com segurança com a China continental.
Depois de os navegadores se
lançarem ao mar em sua bem-sucedida tentativa de achar uma rota para a Índia, Portugal estabeleceu colônias em quase todos os
continentes. Fora o Brasil, independente no século 19, Lisboa se
segurou às colônias mesmo depois da Segunda Guerra (1939-45), quando França e Reino Unido começaram a liberar as suas.
Na década de 70, a expulsão do
portugueses de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau veio depois
de sangrentas guerras que deixaram feridas na população. Os colonizadores voltavam para Portugal em meio a cenas de caos, situação bem diferente da de agora.
Tradução de Rodrigo Uchôa
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