São Paulo, Segunda-feira, 20 de Dezembro de 1999


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Portugal dá adeus "aliviado" à colônia

RICHARD WADDINGTON
da "Reuters", em Lisboa


Portugal deu um adeus aliviado a Macau, sua última possessão ultramar, enquanto o pequeno território na costa sudeste da China voltava para Pequim.
Depois do trauma que envolveu a saída de Portugal de suas colônias na África em meados da década de 70, o país se sente satisfeito por ter, pelo menos desta vez, saído com a cabeça erguida.
"Com o orgulho do dever cumprido", foi como o presidente português, Jorge Sampaio, descreveu o que sentia aos jornalistas que o acompanhavam.
"Portugal fez um ótimo trabalho na última década", disse em editorial o "Diário de Notícias", jornal de Lisboa, referindo-se às negociações com Pequim para a entrega do território.
Os quase 430 mil habitantes de Macau, em sua maioria absoluta chineses, terão amplos poderes para se autogerirem, poderes similares àqueles dados a Hong Kong, quando a ex-colônia britânica voltou para a China há dois anos e meio.
Autoridades portuguesas dizem que estão confiantes que a China honrará seu compromisso de permitir a Macau, um local turístico e de jogo, manter seu estilo de vida, mesmo que seja apenas para Pequim testar seu princípio de "um país, dois sistemas".
O principal objetivo dessa fórmula é convencer Taiwan de que pode um dia se unir com segurança com a China continental.
Depois de os navegadores se lançarem ao mar em sua bem-sucedida tentativa de achar uma rota para a Índia, Portugal estabeleceu colônias em quase todos os continentes. Fora o Brasil, independente no século 19, Lisboa se segurou às colônias mesmo depois da Segunda Guerra (1939-45), quando França e Reino Unido começaram a liberar as suas.
Na década de 70, a expulsão do portugueses de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau veio depois de sangrentas guerras que deixaram feridas na população. Os colonizadores voltavam para Portugal em meio a cenas de caos, situação bem diferente da de agora.


Tradução de Rodrigo Uchôa


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