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COMENTÁRIO
Taiwan é o
próximo alvo
de Pequim
JAIME SPITZCOVSKY
Editor de Mundo
A volta de Macau ao controle
da China alimenta um dos
principais processos históricos
deste final de século: a ressurreição do nacionalismo chinês.
Essa ""barragem de artilharia",
alimentada pelo acelerado
crescimento econômico e fatos
como a recuperação de Hong
Kong, dirige agora suas baterias a Taiwan, o próximo objetivo do Partido Comunista.
Taiwan se separou politicamente do continente ao final
da guerra civil chinesa, em 49.
Serviu como refúgio para os
nacionalistas do partido Kuomintang derrotado pelas tropas de Mao Tse-tung e se transformou numa das mais dinâmicas economias capitalistas
da Ásia, promovendo uma acelerada democratização nos últimos anos.
Para Pequim, Taiwan permanece uma ""Província rebelde".
Os herdeiros de Mao consideram a recuperação do território
uma ""tarefa histórica", e o presidente chinês, Jiang Zemin, sabe que arrancar um acordo
com a ilha garantiria a ele um
lugar de destaque na milenar
história chinesa.
O Kuomintang, nos últimos
meses, endureceu sua retórica
no incipiente diálogo com Pequim. A estratégia indica uma
tentativa de fortalecer-se para
uma negociação que terá uma
China fortalecida pela recuperação de Macau e Hong Kong.
Jiang Zemin oferece a Taiwan
a fórmula ""um país, dois sistemas". Ou seja, a ilha poderia
manter sua democracia e capitalismo -e até Forças Armadas-, enquanto o poder político voltaria para Pequim.
Ao mesmo tempo em que
oferece concessões à ""Província rebelde", a China não abre
mão da opção militar. Ameaça
invadir a ilha caso ela renuncie
ao objetivo da reunificação. O
Kuomintang também cultiva a
idéia da reunificação da ""pátria", mas condiciona-a à democratização da China.
A disputa Taiwan-China alimenta um dos principais focos
de tensão da Ásia. E será um
desafio cada vez maior ao Kuomintang resistir à crescente
pressão do Partido Comunista,
que troca as idéias do marxismo-leninismo pela onda nacionalista.
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