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IRAQUE NA MIRA
País teria deixado de cumprir obrigações ao omitir dados em dossiê
EUA afirmam que Bagdá violou resolução da ONU
DA REDAÇÃO
Os EUA disseram ao Conselho
de Segurança (CS) da ONU ontem que consideravam o Iraque
em "violação material" de recente
resolução da ONU, expressão que
poderia ser usada para iniciar
uma ofensiva contra o país.
O secretário de Estado americano, Colin Powell, disse que a declaração de armas iraquiana -na
qual, de acordo com a resolução,
o país deveria listar de forma
"precisa, integral e completa" todos os seus programas biológicos,
químicos e nucleares ou enfrentar
"sérias consequências"- estava
cheio de enganações e omissões.
Powell disse que o Iraque estava
em "violação material" da resolução 1441 da ONU, aprovada pelo
CS em novembro, mas que Washington não planejava usar isso
como justificativa para uma guerra imediata contra Bagdá.
"Segundo nossos especialistas,
[o dossiê] é qualquer coisa menos
preciso, integral e completo", afirmou. "A declaração iraquiana fracassa totalmente em cumprir as
exigências da resolução."
Powell classificou o dossiê como
"um catálogo de informações recicladas e omissões flagrantes".
"Essas são omissões materiais
que, em nossa opinião, constituem mais uma violação material.
Estamos desapontados, mas não
estamos iludidos", disse.
Powell afirmou que os EUA
continuariam a examinar o dossiê
nas próximas semanas e disse que
os inspetores deveriam intensificar seu trabalho dentro do Iraque
e fazer esforços maiores para entrevistar cientistas iraquianos fora
do país. Ele afirmou que os EUA
continuarão trabalhando com
aliados para achar formas de fazer
o Iraque cumprir a resolução.
Segundo Powell, o não-cumprimento da resolução pelo Iraque
aproxima o dia em que Bagdá pode sofrer "sérias consequências".
Segundo a resolução 1441, para
que uma "violação material" seja
declarada, é preciso que o Iraque
tanto forneça afirmações falsas ou
omissões na declaração quanto
não coopere com os inspetores de
armas da ONU.
O chefe dos inspetores da ONU,
Hans Blix, afirmou ontem que a
cooperação de Bagdá com seus
inspetores, que voltaram ao Iraque após quatro anos de ausência,
no mês passado, tem sido boa.
Segundo analistas, apesar de
Washington dizer que as omissões não serão usadas já para iniciar uma guerra, a declaração de
"violação material" inaugurou a
lista de violações sérias que os
EUA devem compilar antes de começar um ataque.
Mobilização
O governo dos EUA autorizou
ontem o envio de mais 50 mil militares para a região do golfo Pérsico, dobrando sua presença na
área. A mobilização deve começar
no início de janeiro e terminar no
meio do mês, diz o Pentágono.
O anúncio foi feito em meio a
uma série de encontros entre o
presidente dos EUA, George W.
Bush, o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, e o chefe do Comando Central, Tommy Franks,
que comandaria uma possível
ofensiva militar contra o Iraque.
Os planos prevêem a convocação de milhares de reservistas, o
envio de tanques adicionais,
aviões e outros equipamentos que
deverão ficar posicionados ao redor do Iraque. Dois porta-aviões
já estão a caminho do Golfo, para
se juntar a outros dois.
Apesar de bem inferior em relação aos 500 mil militares que participaram da Guerra do Golfo
(1991), os 100 mil homens mobilizados agora condizem com uma
estimativa feita pelo Pentágono
do número ideal de soldados para
uma ação para derrubar Saddam.
O jornal "The Washington
Post" disse que os EUA esperariam até a última semana de janeiro para obter apoio da ONU para
um ataque ao Iraque após ser determinado que o país violou a resolução. Janeiro e fevereiro são
meses ideais para um ataque por
ser a época menos quente no país.
Com agências internacionais
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