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ARTIGO
Abbas não tem força para impor solução
STEVEN ERLANGER
DO "NEW YORK TIMES", EM JERUSALÉM
O pedido do moderado Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina
(ANP), por eleições antecipadas é parte de um esforço
apoiado pelo Ocidente para
reanimar o processo de paz do
Oriente Médio, na esperança
de derrubar o governo do radical Hamas, que defende a extinção de Israel.
Mas Abbas é um líder fraco
no momento, com pouca capacidade de impor a execução de
suas ordens ou de sua vontade.
Dois anos depois de sua eleição,
com a morte de Iasser Arafat, as
pesquisas mostram que a maioria dos palestinos vê Abbas como grande decepção, por não
ter conseguido reformar o Fatah, movimento político que dirige, nem propiciado melhoras
condições em suas vidas, enquanto aparenta fazer as vontades dos EUA e de Israel.
Abbas anunciou as eleições
antecipadas de maneira dramática, no sábado, mas parece
improvável que elas venham a
ser realizadas. O Hamas prometeu boicotar qualquer nova
eleição legislativa. Assim, mesmo que haja alguma forma de
votação, o boicote do Hamas a
tornaria irrelevante.
Portanto, talvez seja tarde
demais para que Abbas e o Fatah sejam apoiados de maneira
efetiva, mesmo que por um novo esforço de assistência norte-americano e britânico. Abbas
ocupa território constitucional
incerto. Parece claro que ele
não tem o direito legal de dissolver o Parlamento sem o consentimento de seus membros.
Não que princípios constitucionais sejam sagrados na região, mas o fato é que Abbas não
tem poder para levar a cabo a
proposta que apresentou.
Ao mesmo tempo, o Hamas
receberia favoravelmente uma
renúncia do presidente, o que
significaria uma eleição presidencial antecipada e ofereceria
ao movimento uma oportunidade de derrotá-lo e assumir
pleno controle da ANP.
"Ele convocou eleições, mas
todos sabemos que não será fácil implementá-las", disse Khaled Duzdar, analista político
palestino. "Agora é tarde demais para tomar medidas reais
contra o Hamas, mas Abbas
não parece compreender o fato", acrescentou. "Ao menos, a
convocação de eleições pressionará o Hamas a retomar as
negociações por um governo de
unidade nacional."
Os palestinos, profundamente avessos à idéia de uma guerra
civil porque sentem que o verdadeiro inimigo são os ocupantes israelenses, têm a mesma
esperança de que Hamas e Fatah cheguem a um acordo e
criem um governo de união.
Mouin Rabbani, analista sênior do International Crisis
Group, um grupo de pesquisa
independente sobre política
externa, argumenta que apoiar
uma facção palestina contra
outra é uma má idéia. Ele diz
que só poderá haver progresso
com base em um consenso,
mesmo que o Ocidente não
aprove o resultado.
"Os palestinos continuarão
incapazes de tomar decisões
significativas, ou executá-las, a
menos que haja amplo consenso que inclua, no mínimo, o Hamas e o Fatah", diz. "A comunidade internacional pode ter
suas preferências, mas a prática
de tentar obter progresso tomando por base as divisões no
movimento palestino fracassou de forma espetacular."
Até a fórmula relativamente
moderada que Abbas propõe
para um acordo final de paz
com Israel é tão inaceitável para este governo israelense
quanto o era para o anterior.
Assim, a outra responsabilidade principal (e fonte de credibilidade) de Abbas como líder dos
negociadores palestinos também se provou vã.
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