São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

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Casa Branca confirma que estuda aumento de soldados no Iraque

Bush diz que país precisa de Forças Armadas maiores para "guerra ideológica"

DA REDAÇÃO

O presidente norte-americano, George W. Bush, estuda um aumento temporário de tropas norte-americanas no Iraque, confirmou o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow. Ele negou que o aumento seja objeto de uma disputa entre a Casa Branca e o Pentágono, como afirmou ontem o jornal "The Washington Post".
Segundo o "Post", a Casa Branca faz planos para o envio de mais 15 mil a 30 mil soldados -há cerca de 140 mil atualmente no Iraque-, mas os comandantes militares são contrários à proposta.
"Eu acho que as pessoas estão querendo criar uma briga que não existe. O presidente pediu aos comandantes militares que considerassem várias opções", disse o porta-voz.
Em entrevista ontem ao "Washington Post", Bush disse que planeja aumentar o tamanho das Forças Armadas americanas. "Estou inclinado a acreditar que precisamos de mais tropas, no Exército, na Marinha", afirmou, acrescentando que encomendou estudos ao novo secretário da Defesa, Robert Gates, nesse sentido.
Segundo ele, mais soldados serão necessários para a guerra "contra extremistas islâmicos". "Esta guerra ideológica em que estamos vai durar um bom tempo e precisaremos de Forças Armadas capazes de sustentar nossos esforços e ajudar-nos a chegar à paz."
Depois da derrota na Guerra do Vietnã, os EUA acabaram com o serviço militar obrigatório e passaram a enfatizar o uso da tecnologia bélica -principalmente da Força Aérea-, em vez dos combates terrestres. Mas hoje o país tem mais de 400 mil soldados espalhados pelo mundo, em bases ou em conflitos, e os especialistas acreditam que seria difícil encontrar mais soldados disponíveis para o Iraque, caso a Casa Branca tome essa decisão.
Bush, que desde as eleições legislativas de novembro vem sendo pressionado a mudar a estratégia no Iraque, adiou para o início de 2007 um esperado anúncio oficial sobre o tema.

Custos e pesquisa
Ontem, o Escritório de Orçamento da Casa Branca previu que o custo da guerra no Iraque vai ultrapassar US$110 bilhões no ano fiscal iniciado em outubro, aproximando-se dos US$ 120 bilhões de 2006.
Uma pesquisa da rede de TV CNN mostrou que o apoio da população americana à maneira como Bush conduz a guerra nunca foi tão baixa: apenas 28% dos americanos a aprovam, contra 34% em outubro. O número de pessoas que desaprovam as ações no Iraque aumentou: 70%, contra 64% na pesquisa anterior.
Em palestra no Council of Foreign Relations, ontem, um dos vice-presidentes iraquianos, Tareq al-Hashemi, afirmou que Bush fez uma "lavagem cerebral" no primeiro-ministro britânico, Tony Blair.
Segundo Hashemi, Blair havia concordado em estabelecer uma data para a retirada das tropas estrangeiras do Iraque. "Ele prometeu discutir o assunto com o presidente Bush, mas infelizmente, o presidente fez uma espécie de lavagem cerebral em Blair."
Em sua última coletiva como secretário-geral da ONU, Kofi Annan declarou que o pior momento dos seus dez anos no cargo foi a invasão norte-americana do Iraque, em 2003.


Com agências internacionais


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