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Moda italiana veta modelos ultramagras e muito jovens
Governo incentivou auto-regulamentação da indústria, que exigirá atestado médico
Itália tem 3 milhões de anoréxicos e bulímicos; números acima do 40 serão obrigatórios, e modelos terão de ter mais de 16 anos
JEAN-JACQUES BOZONNET
DO "MONDE", EM ROMA
Em uma iniciativa contra a
tirania da beleza esquálida,
duas das associações mais representativas da moda na Itália
-a Câmara Nacional de Moda e
a Alta Roma- elaboraram um
código de ética para vetar modelos jovens demais ou excessivamente magras.
No texto -que foi criado a
pedido da ministra da Juventude e dos Esportes do país, Giovanna Melandri, e deve ser promulgado dia 24- o mundo da
moda se compromete a não
mais convocar, para desfiles ou
fotos, modelos com menos de
16 anos, nem jovens que possam sofrer de distúrbios alimentares. Em novembro, a modelo brasileira Ana Carolina
Reston morreu de anorexia.
As federações signatárias assumiram o compromisso de
"proteger a saúde das modelos"
e exigirão de seus integrantes
"atestados médicos que levem
em conta os critérios científicos e os diagnósticos sobre
questões de distúrbio alimentar, entre os quais o índice de
massa corporal". Assim, as jovens que não tenham índice de
massa corporal acima de 18 não
mais poderão subir às passarelas italianas. (O valor é calculado pela divisão do peso pelo
quadrado da altura, ou o equivalente a 53 kg para 1,72 m.)
As associações signatárias estarão sujeitas a uma série de
sanções caso descumpram o
código. "A necessidade dessa
medida se tornou evidente para
mim quando recebi estatísticas
que mostravam que 60,4% das
meninas italianas de entre 12 e
14 anos queriam ser mais magras do que eram, e que 20%
delas já haviam feito ao menos
uma dieta", disse a ministra.
Na Itália, cerca de três milhões de pessoas sofrem de
anorexia ou bulimia.
A idéia de Melandri era "revalorizar um modelo de beleza
saudável, solar, generoso, mediterrâneo, que a Itália contribuiu historicamente para promover no cenário internacional". Por isso, ela convenceu os
profissionais de moda a "refletir sobre os meios de diversificar os padrões de beleza".
Segundo o manifesto de auto-regulamentação contra a
anorexia criado em parceria
com o governo, as empresas do
setor de moda se comprometeram a introduzir modelos de tamanho 42 e 44 nas coleções.
As regras definidas pelo manifesto devem se aplicar já nos
próximos desfiles de moda feminina -em Roma, entre os
dias 27 e 30 de janeiro, e em Milão entre 17 e 25 de fevereiro.
Os signatários também se
comprometeram a auxiliar as
instituições e associações médicas especializadas em patologias da adolescência "participando de campanhas de comunicação para mudar os modelos
estéticos inspiradores de identidade e comportamento".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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