São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

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Moda italiana veta modelos ultramagras e muito jovens

Governo incentivou auto-regulamentação da indústria, que exigirá atestado médico

Itália tem 3 milhões de anoréxicos e bulímicos; números acima do 40 serão obrigatórios, e modelos terão de ter mais de 16 anos

JEAN-JACQUES BOZONNET
DO "MONDE", EM ROMA

Em uma iniciativa contra a tirania da beleza esquálida, duas das associações mais representativas da moda na Itália -a Câmara Nacional de Moda e a Alta Roma- elaboraram um código de ética para vetar modelos jovens demais ou excessivamente magras. No texto -que foi criado a pedido da ministra da Juventude e dos Esportes do país, Giovanna Melandri, e deve ser promulgado dia 24- o mundo da moda se compromete a não mais convocar, para desfiles ou fotos, modelos com menos de 16 anos, nem jovens que possam sofrer de distúrbios alimentares. Em novembro, a modelo brasileira Ana Carolina Reston morreu de anorexia.
As federações signatárias assumiram o compromisso de "proteger a saúde das modelos" e exigirão de seus integrantes "atestados médicos que levem em conta os critérios científicos e os diagnósticos sobre questões de distúrbio alimentar, entre os quais o índice de massa corporal". Assim, as jovens que não tenham índice de massa corporal acima de 18 não mais poderão subir às passarelas italianas. (O valor é calculado pela divisão do peso pelo quadrado da altura, ou o equivalente a 53 kg para 1,72 m.)
As associações signatárias estarão sujeitas a uma série de sanções caso descumpram o código. "A necessidade dessa medida se tornou evidente para mim quando recebi estatísticas que mostravam que 60,4% das meninas italianas de entre 12 e 14 anos queriam ser mais magras do que eram, e que 20% delas já haviam feito ao menos uma dieta", disse a ministra.
Na Itália, cerca de três milhões de pessoas sofrem de anorexia ou bulimia. A idéia de Melandri era "revalorizar um modelo de beleza saudável, solar, generoso, mediterrâneo, que a Itália contribuiu historicamente para promover no cenário internacional". Por isso, ela convenceu os profissionais de moda a "refletir sobre os meios de diversificar os padrões de beleza". Segundo o manifesto de auto-regulamentação contra a anorexia criado em parceria com o governo, as empresas do setor de moda se comprometeram a introduzir modelos de tamanho 42 e 44 nas coleções.
As regras definidas pelo manifesto devem se aplicar já nos próximos desfiles de moda feminina -em Roma, entre os dias 27 e 30 de janeiro, e em Milão entre 17 e 25 de fevereiro. Os signatários também se comprometeram a auxiliar as instituições e associações médicas especializadas em patologias da adolescência "participando de campanhas de comunicação para mudar os modelos estéticos inspiradores de identidade e comportamento".


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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