São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 1998

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DE OLHO NO PODER
Os cenários para a próxima eleição presidencial serão marcados pelos desdobramentos do caso Lewinsky
Caso vai influenciar a sucessão de 2000

da Sucursal de Brasília


O que está em jogo na guerra do impeachment de Bill Clinton é muito menos o empenho por princípios morais do que o desejo de conquistar poder. Principalmente o Poder Executivo.
Os cenários para a próxima eleição presidencial, em novembro de 2000, serão fortemente influenciados pelos desdobramentos do processo de impeachment de Clinton.
O vice-presidente Al Gore tem vínculos fortíssimos com o presidente. Nenhum vice na história do país desfrutou de tanto acesso ao presidente como ele. Com vantagens e desvantagens decorrentes.
Se Clinton terminar seu mandato com os índices de aprovação que conseguiu manter nos últimos anos, o apoio da Casa Branca será mais valioso do que nunca ao candidato de sua preferência, Gore.
Mas se a imagem do presidente em 2000 estiver muito machucada pelas rebarbas do impeachment, o atual vice vai sofrer os efeitos.
Por exemplo, pelo menos três políticos de projeção do próprio partido de Clinton e Gore, o Democrata, avaliam a possibilidade de desafiar o vice na disputa pela candidatura presidencial em 2000.
Eles são: o líder do partido na Câmara, Richard Gephardt, de Missouri, o senador por Minnesota Paul Wellstone e o ex-governador de Nova Jersey Bill Bradley.
A máquina partidária está ainda sob o firme controle de Clinton e Gore. Mas Gephardt tem grande intimidade com e influência sobre ela, tanto que tem se mantido na liderança do partido na Câmara apesar de seus frequentes desentendimentos com a Casa Branca.
Gephardt e Gore são inimigos históricos. Em 1988, eles disputaram a candidatura presidencial democrata com Jesse Jackson e Michael Dukakis, que foi o escolhido.
Gephardt está mais "à esquerda" de Gore. Ele representa a ala do partido que ficou fiel ao ideário de Franklin Roosevelt, baseado em programas sociais de largo alcance e grande participação do Estado na economia. Gephardt também defende o nacionalismo econômico.
As pretensões de Wellstone são mais quixotescas. Ele é o político de projeção nacional mais próximo do socialismo que há nos EUA.
Já Bradley, embora seja um marginal no partido (do que chegou a se desligar formalmente), pode se tornar um fenômeno eleitoral.
No passado, Bradley foi um ídolo nacional do basquete e popular governador de um Estado importante. Metido a idealista, rompeu com a política tradicional e se aposentou provisoriamente, à espera de uma chance, como a de agora, para fazer a reentrada triunfal.
Do lado do Partido Republicano, o impeachment já começou a delinear o cenário presidencial ao desalojar um dos aspirantes à Casa Branca em 2000, Newt Gingrich.
Gingrich, que liderou a histórica vitória dos republicanos nas eleições parlamentares de 1994, errou na mão este ano ao centrar a campanha no impeachment e está fora da corrida presidencial de 2000.
Se não houver surpresa, o favorito para obter a candidatura republicana é George Bush, governador reeleito do Texas, filho do ex-presidente, líder da ala moderada do partido, livre de acusações de ordem ética e distanciado de Washington e da luta do impeachment.
Bush é um candidato fortíssimo, que contará com o apoio do irmão governador da Flórida, do pai e da influente comunidade hispânica.
Fora Bush, possíveis aspirantes republicanos à Presidência são o governador reeleito de Nova York, George Pataki, o prefeito de Nova York, Rudolph Giulianni e, com menos chances, mas grande apelo à imaginação, Elizabeth Dole, mulher do ex-senador Bob Dole.



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