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Quatro democratas dividem chances após prévia de Iowa
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O resultado da primeira prévia
democrata para o pleito presidencial americano, realizada anteontem no Estado de Iowa, indica que
quatro pré-candidatos têm chances de obter a indicação. O indicado enfrentará George W. Bush em
novembro.
A vitória do senador de Massachusetts John Kerry, com 38%
dos votos, e o terceiro lugar do ex-governador de Vermont Howard
Dean, com 18%, também podem
mudar radicalmente a dinâmica
da atual campanha.
Para Dean, o resultado foi péssimo. O pré-candidato era considerado favorito após sua ascensão
meteórica nos últimos meses, embalada pela mídia e por um discurso radical contra o presidente
Bush.
Kerry, por seu lado, ressurge
com chances renovadas e se mostra capaz de atrair os democratas
que querem um discurso mais
moderado, ao centro. Para Bush,
Kerry representa uma ameaça
maior, com chance de atrair também parte do eleitorado mais à direita.
Além de Kerry e Dean, ganhou
destaque o senador John Edwards
(Carolina do Norte), que surpreendeu com um vigoroso segundo lugar (32%). Edwards é
considerado um vice perfeito tanto por Kerry quanto por Dean.
Embora tenha conquistado certa
autonomia com o resultado, seu
segundo lugar foi atribuído, em
boa medida, ao apoio declarado
pelo principal jornal de Iowa,
"The Des Moines Register", a seu
nome.
New Hampshire
Na semana que vem, os pré-candidatos voltam a se enfrentar
na primária de New Hampshire,
que ajudará a consolidar as chances de cada um. Ontem mesmo,
Kerry, Dean e Edwards voaram
para o Estado, na Costa Leste
americana.
As novidades em New Hampshire serão os testes das candidaturas do general reformado Wesley
Clark e do senador Joe Lieberman
(Connecticut).
Clark, apoiado pelo casal Bill e
Hillary Clinton, é considerado o
quarto candidato com chances
daqui em diante.
No caso de Lieberman, seria
uma surpresa um bom resultado
em New Hampshire no dia 27.
Lieberman aparece em quinto lugar nas pesquisas no Estado, com
7%. Dean lidera com 28%, seguido por Kerry (20%) e Clark (19%).
Embora marquem o início do
processo e garantam holofotes e
fluxo de financiamento, as votações em Iowa e em New Hampshire não são determinantes.
Desde 1972, só três entre 13 vencedores nos dois Estados foram finalmente apontados como candidatos na convenção partidária
-marcada para o fim de julho.
Dean, que tem uma máquina
nacional já montada e fiéis voluntários em dezenas de Estados, tem
grandes chances de reconquistar
seu favoritismo.
Políticos como o próprio Bush e
Walter Mondale, candidato democrata derrotado na eleição de
1984, mostraram que resultados
ruins logo no início da campanha
não são determinantes para a indicação final do partido.
Votações cruciais
As votações em Estados mais liberais e populosos como Nova
York e Califórnia, no início de
março, serão cruciais.
Apesar do vexame do terceiro
lugar, Dean, que se gaba de nunca
ter perdido uma eleição, falou
com a energia de um vencedor em
seu discurso pós-votação. "Ninguém acreditaria, há um ano, que
teríamos chance. Vamos continuar lutando", disse, aos berros.
Com as cordas vocais em frangalhos, Kerry fez um discurso
curto e repetiu um "I love Iowa"
(eu amo Iowa) várias vezes. Ontem, as 7h30, o senador já fazia comício em New Hampshire.
Com a vitória de ontem, Kerry
conquistou 20 delegados que ajudarão a escolher o candidato do
partido na Convenção Nacional
Democrata. Edwards obteve 18
delegados e Dean, 7.
Apesar de ter ficado com 11%, o
o deputado Dick Gephardt (Missouri) anunciou anteontem mesmo a retirada de sua candidatura.
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