São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

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Quatro democratas dividem chances após prévia de Iowa

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O resultado da primeira prévia democrata para o pleito presidencial americano, realizada anteontem no Estado de Iowa, indica que quatro pré-candidatos têm chances de obter a indicação. O indicado enfrentará George W. Bush em novembro.
A vitória do senador de Massachusetts John Kerry, com 38% dos votos, e o terceiro lugar do ex-governador de Vermont Howard Dean, com 18%, também podem mudar radicalmente a dinâmica da atual campanha.
Para Dean, o resultado foi péssimo. O pré-candidato era considerado favorito após sua ascensão meteórica nos últimos meses, embalada pela mídia e por um discurso radical contra o presidente Bush.
Kerry, por seu lado, ressurge com chances renovadas e se mostra capaz de atrair os democratas que querem um discurso mais moderado, ao centro. Para Bush, Kerry representa uma ameaça maior, com chance de atrair também parte do eleitorado mais à direita.
Além de Kerry e Dean, ganhou destaque o senador John Edwards (Carolina do Norte), que surpreendeu com um vigoroso segundo lugar (32%). Edwards é considerado um vice perfeito tanto por Kerry quanto por Dean. Embora tenha conquistado certa autonomia com o resultado, seu segundo lugar foi atribuído, em boa medida, ao apoio declarado pelo principal jornal de Iowa, "The Des Moines Register", a seu nome.

New Hampshire
Na semana que vem, os pré-candidatos voltam a se enfrentar na primária de New Hampshire, que ajudará a consolidar as chances de cada um. Ontem mesmo, Kerry, Dean e Edwards voaram para o Estado, na Costa Leste americana.
As novidades em New Hampshire serão os testes das candidaturas do general reformado Wesley Clark e do senador Joe Lieberman (Connecticut).
Clark, apoiado pelo casal Bill e Hillary Clinton, é considerado o quarto candidato com chances daqui em diante.
No caso de Lieberman, seria uma surpresa um bom resultado em New Hampshire no dia 27. Lieberman aparece em quinto lugar nas pesquisas no Estado, com 7%. Dean lidera com 28%, seguido por Kerry (20%) e Clark (19%).
Embora marquem o início do processo e garantam holofotes e fluxo de financiamento, as votações em Iowa e em New Hampshire não são determinantes.
Desde 1972, só três entre 13 vencedores nos dois Estados foram finalmente apontados como candidatos na convenção partidária -marcada para o fim de julho.
Dean, que tem uma máquina nacional já montada e fiéis voluntários em dezenas de Estados, tem grandes chances de reconquistar seu favoritismo.
Políticos como o próprio Bush e Walter Mondale, candidato democrata derrotado na eleição de 1984, mostraram que resultados ruins logo no início da campanha não são determinantes para a indicação final do partido.

Votações cruciais
As votações em Estados mais liberais e populosos como Nova York e Califórnia, no início de março, serão cruciais.
Apesar do vexame do terceiro lugar, Dean, que se gaba de nunca ter perdido uma eleição, falou com a energia de um vencedor em seu discurso pós-votação. "Ninguém acreditaria, há um ano, que teríamos chance. Vamos continuar lutando", disse, aos berros.
Com as cordas vocais em frangalhos, Kerry fez um discurso curto e repetiu um "I love Iowa" (eu amo Iowa) várias vezes. Ontem, as 7h30, o senador já fazia comício em New Hampshire.
Com a vitória de ontem, Kerry conquistou 20 delegados que ajudarão a escolher o candidato do partido na Convenção Nacional Democrata. Edwards obteve 18 delegados e Dean, 7.
Apesar de ter ficado com 11%, o o deputado Dick Gephardt (Missouri) anunciou anteontem mesmo a retirada de sua candidatura.


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