São Paulo, quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

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HAITI EM RUÍNAS

Tropas americanas blindam assistência

Militares dos EUA aos poucos vão se encarregando da segurança de locais estratégicos para a chegada de ajuda humanitária

Porta-voz da Minustah elogia os americanos: "Têm mais soldados, melhores equipamentos e podem dar assistência mais rápido"


FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A PORTO PRÍNCIPE (HAITI)

Com armamento pesado, veículos Humvee e helicópteros, militares americanos aos poucos vão se encarregando da segurança de locais estratégicos para a chegada de ajuda humanitária a Porto Príncipe.
Ontem, a presença americana mais visível era no hospital Geral, o maior da cidade. A entrada do prédio, localizado atrás do destruído Palácio Nacional, estava sob a vigilância de 17 militares da 82ª Divisão Aérea do Exército Americano, que tentavam organizar as centenas de haitianos aglomerados na entrada.
"Somente estamos deixando entrar os funcionários e os pacientes muito graves", disse o soldado Luna, de origem latina. "Lá dentro está superlotado, não podemos permitir nem parentes dos pacientes."
Anteontem, helicópteros da mesma divisão fizeram uma aparatosa operação de desembarque de material no Palácio Nacional. Nos fundos, onde até o terremoto o Brasil mantinha 15 militares para dar segurança ao presidente René Préval, os americanos montaram uma base de apoio logístico.
A 82ª Divisão Aérea foi a mesma empregada pelo governo George W. Bush para atender às vítimas do furacão Katrina em Nova Orleans, em setembro de 2005. A unidade também está presente no Iraque e no Afeganistão.
Durante as três horas que a Folha ficou no centro da cidade, não houve nenhuma patrulha americana. No bulevar Dessalines, área comercial que vinha registrando confrontos entre os que vasculham os destroços em busca de comida e produtos das lojas, policiais haitianos faziam a segurança do local.
Perto dali, uma unidade militar brasileira fechou uma rua para que funcionários do banco retirassem dinheiro de uma agência bancária destruída, também sem incidentes. Operações semelhantes estão sendo feitas em várias partes da capital, num esforço para recuperar dinheiro em efetivo para que os bancos tenham condições de reabrir ao menos parcialmente até amanhã.
"Aqui, não passou nenhum americano", disse um policial haitiano. Segundo ele, não houve confrontos naquela região ontem de manhã.
Perto do aeroporto, um comboio militar de mais de 20 veículos da mesma unidade, alguns equipados com metralhadoras, deixou o prédio principal perto do aeroporto com materiais como arame farpado e vigas de madeira e se dirigiu a uma das cabeceiras da pista, onde será montada uma base.
Pelo acordo entre os EUA e a Minustah, os militares americanos apenas atuarão em Porto Príncipe, em apoio a missões de assistência, enquanto os capacetes azuis continuarão encarregados da segurança pública, junto com a debilitada Polícia Nacional Haitiana.
Os americanos também ficaram com o controle aéreo e a segurança do pequeno e congestionado aeroporto internacional de Porto Príncipe.
O batalhão brasileiro, com pouco mais de mil militares, é a principal força militar da Minustah na capital haitiana.
Do lado americano, há ao menos 5.000 militares no Haiti, enquanto os capacetes azuis somam 7.200 em todo o país.
O mesmo acordo foi feito com o Canadá, para que seus militares realizem operações humanitárias em cidades fora de Porto Príncipe igualmente devastadas, como Leogane, Petit Goave e Jacmel.
A atuação americana foi elogiada pelo porta-voz da Minustah (missão da ONU no Haiti), David Wimhurst. "Estamos muito felizes com a participação americana. Eles têm mais soldados, melhores equipamentos e podem dar assistência de forma mais rápida."


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