São Paulo, quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lugo põe militares em busca de grupo armado no Paraguai

Soldados irão rastrear sequestradores de fazendeiro que se dizem ser parte de organização guerrilheira

DA REDAÇÃO

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, ordenou ontem o envio de mil soldados ao departamento (Estado) de Concepción (500 km ao norte de Assunção) para que participem da caçada aos sequestradores do fazendeiro Fidel Zavala, liberado no domingo passado após 94 dias de cativeiro.
O sequestro reivindicado pelo grupo EPP (Exército do Povo Paraguaio), suposto movimento guerrilheiro que angaria fundos para patrocinar uma revolução no Paraguai, jogou mais combustível à crise política do país. Há meses há intenso embate entre o esquerdista Lugo, seu próprio vice, Federico Franco, e os partidos opositores no Legislativo.
O envio de efetivo militar por Lugo visa também aplacar as críticas da oposição, que liga sua base política mais à esquerda com o EPP e ameaçava abrir processo de impeachment contra Lugo pelas supostas falhas de conduta no caso.
O governo lançou ainda campanha listando supostos integrantes do grupo e oferecendo recompensa do equivalente a US$ 107 mil por informações sobre o paradeiro deles.
O governo paraguaio pediu ontem que o Brasil extradite Juan Arrom, Anuncio Martí e Víctor Colmán, militantes esquerdistas acusados de ter ligação com o grupo. Os três receberam refúgio no Brasil em 2002 após serem processados por suposto envolvimento no sequestro de uma mulher de um fazendeiro naquele ano.
A polícia deteve ainda ao menos dez moradores da zona de Concepción acusados de colaborar com o EPP.
O fazendeiro Zavala foi liberado no domingo após o pagamento de recompensa -o valor não foi divulgado, mas a imprensa paraguaia fala de um montante entre US$ 500 mil e US$ 1 milhão. Antes, o grupo havia exigido que a família distribuísse 30 cabeças de gado a famílias pobres da região.
O EPP, a quem se atribuem outros sequestros, atuaria em Concepción, na fronteira com o Brasil, e no departamento de San Pedro, berço político de Lugo -as regiões são as mais pobres do Paraguai.
Ontem, ao anunciar o envio dos soldados, Lugo e seu ministro do Interior, Rafael Filizzola, enfatizaram que o problema da zona não é apenas delinquência, mas ausência de Estado. "Esse processo não termina com a busca e captura dos delinquentes. Trata-se de um projeto de apoio global para o desenvolvimento e bem-estar das populações da região", discursou Lugo.

Com agências internacionais



Texto Anterior: Confronto Inter-religioso: Violência sectária mata 460 na Nigéria, afirmam testemunhas
Próximo Texto: Honduras: Lobo oferece salvo-conduto para Zelaya
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.