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IRAQUE NA MIRA
Governo dos EUA queria decisão ontem; primeiro-ministro fará pronunciamento hoje sobre o assunto
Turquia retarda decisão sobre apoio à guerra
DA REDAÇÃO
O premiê turco, Abdullah Gul,
fará uma declaração hoje sobre as
negociações com os EUA para a
liberação de bases militares do
país no caso de uma guerra contra
o Iraque. É possível que ele anuncie algum acordo, que incluirá um
pacote de ajuda financeira dos
EUA, pois a Turquia argumenta
que um ataque ao vizinho Iraque
trará prejuízos à sua economia.
"Amanhã [hoje] informaremos
sobre os últimos desenvolvimentos da votação no Parlamento",
disse Gul, em referência à necessidade de os deputados turcos
aprovarem a liberação das bases e
a entrada de tropas americanas
no país. A votação deveria ter
ocorrido na última terça.
O chanceler turco, Yasar Yakis,
disse achar difícil que o Parlamento analise a questão antes da
próxima terça-feira. Mas deixou
em aberto a possibilidade de o governo tomar uma decisão antes.
Nos últimos dias, os EUA e a
Turquia discordaram sobre o
montante da ajuda financeira. Os
EUA ofereceram US$ 6 bilhões
em doações e mais US$ 20 bilhões
em empréstimos privados. Mas a
Turquia quer US$ 30 bilhões, a
maior parte em doações.
A diferença parecia haver diminuído ontem: os turcos estariam
exigindo US$ 10 bilhões em doações, e o secretário de Estado dos
EUA, Colin Powell, que na véspera havia dito que a oferta de US$ 6
bilhões era definitiva, afirmou
existir "coisas criativas que podemos fazer". Mas Powell exigia
uma decisão até ontem à tarde.
Os EUA já têm cerca de 200 mil
soldados a postos ou a caminho
para um ataque a Bagdá, em sua
maioria concentrados ao sul do
Iraque, principalmente no Kuait e
em porta-aviões no golfo Pérsico.
Mas pretendem basear 80 mil
tropas na Turquia, que teriam a
missão de atacar o Iraque pelo
norte. Diversos navios americanos já se encontram perto da costa turca no mar Mediterrâneo para desembarcar material bélico.
As tropas americanas na Turquia também teriam dois outros
objetivos: garantir a segurança de
importantes reservas petrolíferas
no norte do Iraque e evitar que a
minoria curda aproveite o conflito para tentar obter sua independência. Os curdos, maior grupo
étnico sem um Estado do mundo,
vivem no Curdistão, região dividida entre Iraque, Turquia e Irã.
Segundo analistas, um eventual
-mas pouco provável- fracasso das negociações complicaria os
planos americanos, mas há alternativas para invadir o Iraque pelo
norte, embora com maior risco.
Uma das opções seria transportar soldados por via aérea para o
norte do Iraque, região do país sobre a qual o ditador iraquiano,
Saddam Hussein, tem pouco controle, e estabelecer uma base militar com pistas de pouso e um
quartel-general.
Mas o número de soldados factível de ser transportado por via
aérea -cerca de 5.000- seria inferior à quantidade que invadiria
o Iraque a partir da Turquia.
Embora os EUA sejam um aliado fundamental, cerca de 80% da
população turca é contra uma
guerra contra o Iraque. Portanto,
a relutância das autoridades turcas em fechar um acordo pode ter
o objetivo de mostrar à opinião
pública interna que o governo resiste à guerra.
Com agências internacionais
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