São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 2004

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CRÍTICA

Para Garcia, grupo representa o "fracasso" de entidades internacionais como ONU

Assessor de Lula faz ataque ao G8

DA REDAÇÃO

Marco Aurélio Garcia, assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, afirmou ontem em Tóquio que o "G8 [grupo dos sete países mais ricos do mundo mais a Rússia] representa o fracasso das organizações internacionais", segundo relato da agência de notícias Efe.
Garcia disse que o Brasil não é contra o G8 "nem está pedindo seu ingresso [na organização]", mas acredita que o grupo tenha assumido funções e tomado decisões que deveriam estar a cargo de órgãos das Nações Unidas, como o Conselho de Segurança e o Conselho Econômico e Social.
As declarações foram dadas em uma entrevista coletiva no Clube dos Correspondentes Estrangeiros. Garcia está no Japão, a convite do governo do país, para fazer uma série de contatos com representantes das áreas econômica e social e membros da comunidade brasileira. Procurados pela Folha, nem o Itamaraty nem a assessoria de Garcia se pronunciaram sobre se as afirmações representam a opinião do governo brasileiro.
O grupo hoje denominado G8 surgiu nos anos 1970, com apenas seis países, como um fórum para discussão de questões macroeconômicas. Sua agenda foi se ampliando e incluindo temas econômicos específicos e também políticos e sociais. Na década passada, decisões do grupo resultaram em mudanças estruturais no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional.
Os oito países (EUA, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá, Japão e Rússia) realizam cúpulas anuais, que incluem a presença de representantes da União Européia e convidados eventuais. No encontro do ano passado, na França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos 13 participantes extras. Em seu discurso, Lula cobrou dos países ricos "uma nova equação [econômica], que permita a retomada do crescimento e inclua os países em desenvolvimento".
Lula ainda se referiu à presença de 12 países em desenvolvimento na reunião do G8 como um fato que "não tem volta atrás". Até agora, no entanto, o Itamaraty não recebeu nenhum convite ao Brasil por parte dos Estados Unidos, o país anfitrião da próxima reunião, que acontecerá em junho. Há alguma tensão nas relações dos dois países por causa de divergências quanto à Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e à Guerra do Iraque.

Conselho de Segurança
Em Tóquio, Garcia voltou a defender uma reforma do Conselho de Segurança que incluísse a entrada de novos membros permanentes -com o Brasil entre eles.
Segundo ele, o objetivo do Brasil é a obtenção de uma "presença mais equilibrada, num mundo globalizado, política e economicamente assimétrico e dominado por valores conservadores".
Garcia também destacou a importância da ONU frente à "situação de crise internacional dos últimos dez anos". Uma crise que se deve, na opinião do assessor presidencial, "à ameaça terrorista, à existência, ou não, de armas de destruição em massa e à ausência de normas que regulem a segurança do mundo, evidenciada na Guerra do Iraque".


Com agência Efe


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