São Paulo, terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

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ORIENTE MÉDIO

Abbas deve formalizar hoje a nomeação de Ismail Haniyeh, indicado pelo Hamas, como novo premiê palestino

Aiatolá pede que muçulmanos financiem palestinos

DA REDAÇÃO

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, propôs ontem que as nações muçulmanas dessem uma ajuda financeira anual ao governo palestino e apoiou a recusa do grupo terrorista Hamas, majoritário no novo Parlamento palestino, em reconhecer Israel.
O líder político do Hamas, Khaled Mashal, esteve no Irã como parte de um tour às nações árabes em busca de apoio político e financeiro, diante da suspensão de transferência de recursos de Israel para a Autoridade Nacional Palestina, anunciada anteontem, e das ameaças dos EUA e da União Européia de fazer o mesmo.
"Uma ajuda financeira anual à [Autoridade Nacional] Palestina é uma maneira pela qual as nações muçulmanas podem dividir a responsabilidade com os palestinos", disse Khamenei, de acordo com a TV estatal iraniana.
Essa ajuda, disse, "criará um vínculo importante entre os muçulmanos e a causa palestina e terá um impacto importante no mundo".
Na mesma linha, a Irmandade Muçulmana -o maior movimento político fundamentalista da região -anunciou que irá pedir que seus simpatizantes contribuam com o governo do Hamas financeiramente, doando um quarto de sua renda.
"Pedimos a todo e qualquer muçulmano que ajude os palestinos diante essa campanha dura e injusta [contra o Hamas]", disse o líder da irmandade, Mohammed Mahdi Akef.
Mais tarde, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, instou os líderes do Hamas a continuar sua luta contra o Estado de Israel e disse que não se preocupassem com a falta de recursos.
"Baseado nas regras internacionais, seu futuro governo pode lutar pela liberação de sua terra ocupada", disse, segundo a agência de notícias estatal.
"Uma vez que os tesouros divinos são eternos, vocês não devem se preocupar com assuntos financeiros", acrescentou.
UE, EUA e Israel condicionam a manutenção de apoio financeiro à ANP ao reconhecimento, pelo Hamas, do Estado israelense, e à renúncia à violência.

Governo
Depois da vitória nas eleições legislativas de janeiro e da posse do novo Parlamento, no fim de semana, o Hamas iniciou ontem conversas com o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, em torno da formação do novo governo.
Hoje, Abbas deve formalizar a indicação de Ismail Haniyeh, 43, apontado pelo Hamas para ocupar o cargo de premiê da ANP.
O novo premiê terá até cinco semanas para formar o governo, que deverá, segundo Abbas, reconhecer acordos anteriores celebrados com Israel e se comprometer a buscar a criação de um Estado por meio de negociações.
Haniyeh propôs um governo de coalizão com o Fatah, partido de Abbas, derrotado nas eleições, e com o grupo terrorista Jihad Islâmico. Até o momento, os dois têm se negado a participar.


Com agências internacionais

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