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São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

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CASA BRANCA

Presidente se diz "confiante" nos soldados americanos e fala de saúde, educação e economia

Bush tenta mostrar tranquilidade

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, tentou passar ontem um clima de normalidade ao país enquanto autoridades do Pentágono voltaram a insistir em que a população se prepare para a ""perda de vidas" no conflito contra o Iraque.
Em meio à guerra, Bush começou a falar de saúde, educação e da necessidade de a economia do país continuar crescendo.
Apesar da intenção do presidente, um clima hostil prevaleceu do lado de fora da Casa Branca.
Cercada por 30 carros da polícia, a sede do governo e o centro de Washington voltaram a ser alvos de protestos de manifestantes contrários à guerra -que terminaram com três prisões.
Bush começou a trabalhar cedo, às 6h50, depois de ter dormido pouco na noite dos primeiros ataques contra Saddam Hussein.
Logo pela manhã, reuniu-se com seus principais assessores militares e marcou outra reunião mais ampla para a tarde.
Após os primeiros encontros, o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Richard Myers, deram entrevista no Pentágono. Sem comentar os ataques da noite anterior, Myers disse que a guerra seria "uma tarefa difícil. Teremos perdas de vidas". Cauteloso, Rumsfeld tentou diminuir a ansiedade em relação ao fim do conflito. "Temos uma tarefa difícil pela frente, que vai demandar muito tempo", afirmou.
Segundo um alto funcionário do governo, Bush considerará a guerra um sucesso se Saddam for "levado à Justiça" ou morto.

Confiança
À tarde, após reunião com os seus principais secretários e assessores, Bush disse, sem contextualizar suas declarações, que estava "confiante no futuro".
"Nosso país está seguro. Estamos cuidando do sistema de saúde, da educação de nossas crianças e do crescimento da economia", disse o presidente.
Do lado de fora da Casa Branca, a avenida Pensilvânia, em frente à sede do governo, permanecia fechada pela polícia. Mesmo assim, mais de 50 manifestantes gritavam nas proximidades: "Não faça guerra por petróleo".
A poucos metros dali, 150 pessoas fecharam por algum tempo pontes sobre o rio Potomac, que cruza a cidade, enquanto dezenas de outros protestavam por Washington dirigindo bicicletas sob um chuva torrencial e gelada.
Bush não comentou sua decisão do dia anterior de tentar um ataque surpresa contra Saddam e seus principais comandantes. Disse que as tropas norte-americanas estavam agindo "com grande capacidade e bravura" e que ele estava "confiante" na vitória.
"Não há nenhuma dúvida de que enviamos os nossos melhores cidadãos" para a guerra, afirmou.
Bush disse também ter chegado a 40 o número de países que apoiam a ação militar dos EUA e do Reino Unido no golfo Pérsico -embora poucos tenham manifestado publicamente essa posição. O governo havia falado em 45 países no início da semana.
Segundo o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, Bush teria telefonado a vários líderes mundiais. A maior parte das ligações teria sido dirigida a lideranças árabes de países aliados dos EUA próximos à região do conflito.
Washington deverá apropriar-se de US$ 1,74 bilhão em ativos iraquianos que estão congelados nos EUA. O dinheiro será usado para cobrir despesas com a ajuda humanitária que será dada aos iraquianos. Bush ordenou que o Departamento do Tesouro fizesse o que fosse necessário para que o dinheiro fosse liberado logo.
No Congresso dos EUA, houve uma iniciativa ontem de aprovação de uma moção de apoio ao presidente e à guerra contra o Iraque. O objetivo era tentar diminuir o tom das críticas de alguns parlamentares democratas que vêm se manifestando contra os ataques. No final do dia, o Senado fechou um acordo nesse sentido.


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