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São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

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Informação da CIA antecipou início de ataque

DE WASHINGTON

A decisão de antecipar o ataque que tentou atingir Saddam Hussein e seus principais comandantes anteontem foi tomada seis horas antes de o presidente George W. Bush anunciar oficialmente, às 22h15 (0h15 em Brasília) de quarta-feira, o início da guerra.
O principal aliado de Bush, o premiê britânico, Tony Blair, não foi informado da ação, segundo seu próprio porta-voz.
Até ontem, os EUA diziam não ter segurança de que a operação havia alcançado o objetivo e se Saddam havia sido atingido.
Segundo reportagem publicada pelo jornal "The Washington Post", Bush foi informado às 16h de quarta-feira pelo diretor da CIA (serviço de inteligência), George Tenet, de que Saddam e alguns de seus oficiais mais graduados haviam sido localizados por sistemas de vigilância por satélite. Estariam em uma casa isolada, ao sul de Bagdá.
Para Tenet, tratava-se de um "alvo de oportunidade" único.
A partir do informe, deu-se uma corrida contra o relógio para preparar mísseis Tomahawk em navios no Golfo e coordenar a ação. Ao mesmo tempo, dois "aviões invisíveis" F-117A foram carregados com bombas de 900 quilos para a missão.
Tanto as aeronaves, tripuladas, quanto os mísseis foram então guiados eletronicamente -a partir do quartel-general da CIA em Lengley, na Virgínia- com o auxílio de mapas tridimensionais.
Além dos ataques à casa onde Saddam estaria, teriam sido atingidos também outros alvos próximos que fariam parte do sistema de comunicação iraquiano.
Bush autorizou o início da missão por volta das 18h30 em Washington. Os mísseis atingiram o alvo três horas depois, às 21h30 (5h30 da manhã em Bagdá). O presidente acabara de jantar e dirigiu-se ao Salão Oval da Casa Branca para anunciar oficialmente, às 22h15 (6h15 em Bagdá), o início das hostilidades.
Por volta das 8h30 em Bagdá (0h30 em Washington), uma imagem supostamente de Saddam aparecia na TV, em uniforme militar, reagindo aos ataques.
Durante boa parte da manhã de ontem, agentes do serviço secreto dos EUA analisaram em detalhes as imagens de Saddam.
Os óculos do ditador, grossos e grandes, foram vistos como suspeitos. Especulava-se também que poderia ser Saddam em imagens gravadas antes dos ataques.
Por volta das 6h de ontem, Bush falou ao telefone com sua assessora de Segurança Nacional, Condoleezza Rice. No meio da manhã, encontrou-se com Tenet, da CIA, e Donald Rumsfeld, secretário da Defesa, onde foi discutido o resultado do ataque.
O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, não quis comentar a operação inicial. "O presidente não pretende se manifestar a cada instante" sobre a guerra, disse. (FC)


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