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MEMÓRIA
Guerra do Golfo foi a primeira transmitida pela TV
DO BANCO DE DADOS
Na madrugada do dia 16 de janeiro de 1991 começava a primeira guerra televisionada da história. A Guerra do Golfo levou a extremos a idéia de que informação
pode ter um papel tão decisivo
quanto a estratégia militar.
O ataque foi uma reação à invasão do Kuait, em 2 de agosto de
1990, por Saddam Hussein. A invasão foi motivada por acusações
do Iraque de que o Kuait teria
roubado US$ 2,4 bi em petróleo
do território iraquiano durante a
guerra contra o Irã (1980-1988) e
lhe causado perdas de US$ 14 bilhões por exportar óleo além da
cota estabelecida pela Opep. Bagdá reivindicava também parte do
território kuaitiano -as ilhas de
Warba e Bubian e o poço petrolífero de Rumailá-sul, na fronteira
entre os dois países- e o perdão
de uma dívida de US$ 10 bilhões.
O Conselho de Segurança da
ONU exigiu, no mesmo dia da invasão, a retirada imediata das tropas de Saddam e, quatro dias mais
tarde, impôs um embargo militar
e financeiro a Bagdá.
Saddam condicionou a retirada
de suas forças à retirada das tropas israelenses dos territórios palestinos ocupados, exigência não
aceita pelos Estados Unidos.
Em 29 de novembro de 1990, a
ONU autorizou uma ação militar
caso as tropas iraquianas não deixassem o Kuait até 15 de janeiro.
O Congresso norte-americano
autorizou, em 12 de janeiro, o presidente George Bush (1989-1992)
a fazer uso da força.
Em 13 de janeiro, em Bagdá, o
secretário-geral da ONU, Javier
Pérez de Cuéllar, tentou que Hussein aceitasse as determinações
do Conselho de Segurança e não
obteve sucesso. No dia seguinte, o
Parlamento iraquiano aprovou a
guerra para manter o Kuait.
Na madrugada de 16 de janeiro,
após o fim do prazo determinado
pela ONU, começou a operação
"Tempestade no Deserto", como
foi chamada a ação militar das
tropas aliadas, uma aliança de 32
países liderada pelos EUA.
O bombardeio ao prédio que
abrigava o centro de telecomunicações do Iraque por um caça F-117 e os ataques de mísseis Tomahawk contra o palácio de Saddam
Hussein e o Ministério da Defesa
iraquiano, lançados de navios
americanos no Golfo Pérsico,
marcaram o início da operação.
Mãe de todas as batalhas
Após os ataques, Saddam proclamou o início daquela seria "a
mãe de todas as batalhas" e ordenou o lançamento de mísseis
Scuds, de fabricação soviética,
contra a Arábia Saudita e Israel.
Os ataques ao Iraque pelos aliados e o bombardeio iraquiano a
Israel e Arábia Saudita foram
transmitidos ao vivo pela rede
CNN durante toda a guerra, tornando os jornalistas Peter Arnett
e Bernard Shaw tão famosos
quanto as imagens de mísseis que
lembravam a tela de videogame.
A estratégia dos americanos,
baseada em "ataques cirúrgicos"
-ações que visavam alvos militares e utilizavam bombas e mísseis
de alta precisão-, foi elaborada
pelo general Norman Schwarzkopf e comandada pelo general
Colin Powell, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas.
Após 100 horas de combate, foi
declarado o cessar-fogo em 27 de
fevereiro. No total, o conflito se
estendeu por 41 dias. O Kuait foi
libertado, mas Saddam permaneceu no poder e enfrentou revolta
da população de origem curda e
xiita, apoiada pelo governo americano, que foi expulsa do território iraquiano, indo para a Turquia
e o Irã. O embargo imposto pela
ONU continua vigorando.
Saddam mandou incendiar
centenas de poços de petróleo no
Kuait, provocando uma catástrofe ecológica sem precedentes e cujo fogo demorou cerca de oito
meses para ser apagado.
O saldo de vítimas em combate
nunca teve números definitivos.
Oficialmente, foram 148 americanos mortos em combate e 121 em
acidentes e 458 feridos. Analistas
estimaram o número de iraquianos mortos entre 100 mil e 150
mil. Um estudo financiado pelo
Greenpeace elevou o número de
vítimas iraquianas para 205 mil.
A guerra do Golfo foi a chance
de os americanos usarem todo o
material bélico de alta tecnologia
que desenvolveram durante a década de 80, quando houve um investimento maciço no setor devido às políticas dos presidentes
Ronald Reagan e George Bush.
Os americanos construíram um
aparato militar destinado a vencer os soviéticos em uma hipotética Terceira Guerra Mundial.
Na década de 80, deixaram de
lado estratégias defensivas para
priorizar a doutrina conhecida
como "Airland Battle" ("batalha
aeroterrestre"), que preconiza
uma estreita integração entre o
ataque das forças terrestrese o
apoio por aviões e helicópteros.
A supremacia aérea da coalizão
americana permitiu algo raro em
guerras convencionais: uma surpresa estratégica. Por falta de
aviões de reconhecimento, os iraquianos não conseguiram detectar a transferência da maior parte
do poderio americano para o
flanco esquerdo. O "gancho de esquerda", caraterizado por uma
longa incursão em território do
Iraque, foi a chave da vitória.
A luta no deserto tem vantagens
políticas: existem só os dois exércitos no campo de batalha, sem civis que poderiam virar vítimas.
A mesma preocupação em evitar vítimas civis dominou o pensamento da Força Aérea. A propaganda americana anunciou essa preocupação com ataques ditos "cirúrgicos", nos quais o bombardeiro conseguiria acertar o alvo militar sem causar danos aos
civis em torno. Na prática, ocorrem falhas humanas e nenhuma
tecnologia é perfeita.
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