São Paulo, domingo, 21 de março de 2010

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Projeto tem dificuldade de financiamento

DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto Cuba Archive, que pretende contabilizar violações de direitos humanos em Cuba, é dirigido por Maria Werlau, 51, "a idade da revolução".
"Como vários outros ativistas de direitos humanos, eu tenho uma história pessoal com a revolução", conta ela, cujo pai, Armando Cañizares, lutou ao lado de Che Guevara, mas logo depois da vitória da guerrilha rompeu com o regime e exilou-se.
Cañizares voltaria junto com outros cubano-americanos treinados pela CIA na fracassada Invasão da Baía dos Porcos, de 1961, e morreria lá mesmo.
Werlau, que acaba de voltar de Genebra, onde participou da reunião anual do Conselho de Direitos Humanos da ONU, reclama do pouco financiamento ao projeto. "Abusos em Cuba são historicamente inseridos como um tema de direita. Não costumamos ter os financiadores tradicionais."
A ONG é financiada com doações particulares e da Freedom House -entidade que monitora avanços e recuos mundiais da democracia e recebe fundos do governo americano.
À diferença do fundador do projeto, Armando Lago, morto em 2008, a diretora prefere não especular sobre estimativas de vítimas do castrismo desde 1959 ou sobre os cubanos que morreram tentando fugir do país, pelo mar. "Minha ideia é arranjar sustentação para as cifras. Trabalhamos para sistematizar nossos registros."
Há quem conteste que o saldo de "balseiros" mortos e desaparecidos deva ser tributado só a Havana. Entre eles, está o Samuel Farber, professor emérito da Universidade da Cidade de Nova York.
Para Farber, o embargo econômico imposto pelos EUA à ilha -condenado pela ONU- e a legislação específica americana diferenciada para os cubanos -quem chega à terra firme se transforma em cidadão americano- contribuem para a tragédia.


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